A aprovação antecipada dos valores do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), R$ 4,6 bilhões, agradou aos representantes do setor produtivo. A previsão é que os recursos para financiamento da safra 2016 de café estejam disponíveis nas entidades financeiras a partir de maio e não somente em agosto ou setembro, como nos anos anteriores. A antecipação atende à demanda do setor, que há anos trabalha para que o acesso ao valor ocorra antes da colheita do café, o que permite a capitalização do produtor.
Para este ano, o orçamento disponível para financiar o setor produtivo é de R$ 4,6 bilhões, valor 12% superior ao disponibilizado em 2015. A medida foi aprovada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) e agora passará pelos trâmites que envolvem a análise dos contratos por parte da Consultoria Jurídica do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), o envio aos agentes financeiros, o retorno à Pasta e a posterior assinatura para liberação do capital por parte da ministra Kátia Abreu, o que deve ocorrer até meados de maio.
Do total aprovado, R$ 1,752 bilhão será destinado à linha de estocagem, que terá R$ 246 milhões ou 16,3% a mais do que no ano passado, e R$ 1 bilhão para FAC (Financiamento de Aquisição de Café), que contará com orçamento de R$ 250 milhões ou 33,3% superior ao valor liberado em 2015.
As demais linhas mantiveram os mesmos valores liberados anteriormente. No caso do custeio, o recurso disponível será de R$ 950 milhões; financiamento de contratos de opções e de operações de mercados futuros, R$ 10 milhões; capital de giro para indústria de torrefação, R$ 300 milhões; capital de giro para indústria de solúvel, R$ 200 milhões; recuperação de cafezais danificados, R$ 20 milhões; e capital de giro para cooperativas de produção R$ 400 milhões.
A antecipação dos recursos é avaliada como fundamental para que os cafeicultores de todo o País fiquem capitalizados a ponto de quitar as despesas durante a colheita e planejar o melhor momento para comercializar a safra. Evitando o excesso de café no mercado e, consequentemente, queda nos preços.
Para o diretor da FAEMG e presidente das comissões de Café da FAEMG e da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), Breno Mesquita, em um ano de ciclo alto de produção, o recurso financeiro sendo liberado no momento certo fará com que a situação fique mais confortável para o cafeicultor.
“Há muitos anos o setor vem discutindo com o governo para que os recursos do Funcafé sejam antecipados e saiam antes do lançamento do Plano Safra. Sem a mudança, os recursos chegavam às mãos dos produtores somente entre agosto e setembro, período em que a colheita já abrangia mais da metade do volume. Este ano, a disponibilização do valor em maio acontecerá no momento em que o País começa a colheita da safra sendo mais interessante para a maioria dos produtores”, explicou Mesquita.
Ainda segundo Mesquita, os cafeicultores que acessarem a linha de crédito terão melhores condições de planejar a comercialização da safra, o que poder significar maior ganho financeiro.
“Demoramos cinco meses para colher uma safra e não podemos colocar todo o volume no mercado no mesmo período. É preciso organizar o fluxo, para termos preços melhores, que cubram os custos e garantam rentabilidade. Capitalizado e conseguindo quitar os custos, principalmente os da colheita, que são os mais altos, o cafeicultor poderá escolher o momento mais oportuno para comercializar, disponibilizando o café de forma escalonada e obtendo resultados positivos”.
O presidente da Cooxupé (Cooperativa Regional dos Cafeicultores em Guaxupé), localizada no Sul de Minas, Carlos Paulino da Costa, também espera que a antecipação anunciada pelo governo aconteça.
“Todo ano a liberação do crédito do Funcafé acontece após o início da colheita da safra, o que prejudica o cafeicultor. Esperamos que este ano a situação seja diferente e que os valores estejam disponíveis antecipadamente, como foi proposto. O Funcafé é um recurso que permite que o cafeicultor planeje as vendas, por isso, é fundamental”, explicou Paulino da Costa.
A colheita da safra de café será iniciada em maio. A expectativa é colher em Minas Gerais em torno de 27,7 milhões de sacas de 60 quilos. Em comparação com a safra 2015, o resultado sinaliza um crescimento da produção cafeeira na ordem de 24,38%. No País, o volume pode alcançar 51,943 milhões de sacas beneficiadas de café, acréscimo de 20,1%.
Fonte: Diário do Comércio
Fonte: Canal do Produtor