O norte do Espírito Santo é um dos maiores polos de produção de mamão do Brasil, e o país é o segundo maior produtor mundial da fruta. No ES, os mamoeiros são cultivados em lavouras irrigadas, abastecidas por rios e represas.
O problema que choveu pouco nos últimos meses. Com isso, os reservatórios foram minguando… e a vazão dos rios caiu bastante.
Edivaldo Permanhane mantém 25 hectares de mamão, em São Mateus, e vem sofrendo com a seca. Por falta d’água, o agricultor teve que reduzir a irrigação em certas áreas. Em outras, simplesmente parou de molhar o cultivo.
Outro problema é que os agricultores enfrentaram um verão com muitos dias de calor excessivo, com temperaturas perto de 40 graus.
Agrônomo e diretor de uma grande fazenda de Linhares, a Caliman, Geraldo Fereguetti, explica quando o calor é muito forte, a planta perde as flores, e sem as flores não forma frutos.
“Olha numa condição normal, nós estaríamos colhendo em torno de 1.200 toneladas de papaya por mês. Com a redução em função da seca, nós estamos colhendo hoje em torno de 300, 320 toneladas. Praticamente um quarto da produção normal”, explica.
Com calor demais e água de menos, muitos produtores desistiram de replantar os mamoeiros, uma atividade comum nos primeiros meses do ano.
Com menos replantio, a área cultivada da fazenda caiu de 500 pra 400 hectares. Uma queda que traz impactos também pro emprego.
“Nós empregamos em torno de dois trabalhadores rurais para cada hectare cultivado. Uma matemática direta. Você reduz a área, reduz emprego, ou seja, o impacto social também é muito grande”, declara Fereguetti.
E mesmo quem não perdeu o emprego também foi afetado pela seca. Colhendo mamão, Regildo Fernandes ganha um salário fixo e mais um extra por produção. Normalmente tira R$ 1.400 reais por mês. “Agora é R$1.070, R$ 1.050. Agora está mais difícil”, diz.
A Associação Brasileira dos Produtores e exportadores de mamão, a Brapex, estima que nos três primeiros meses desse ano, o Espírito Santo amargou uma queda 50% na produção da fruta.
Por outro lado, a redução da colheita provocou uma disparada no preço. Um ano atrás o agricultor recebia R$ 0,80 pelo quilo de mamão. “Hoje nós chegamos nas últimas semanas a preços de R$ 3,50, R$ 4 o quilo pago para o produtor no campo. Então acaba sendo um alívio conseguindo respirar um pouco mais, recebendo a mais pela fruta que ele se sacrificou tanto pra conseguir produzir nos últimos meses”, declara.
Apesar das dificuldades no Espírito Santo, em 2015 o Brasil bateu recorde na exportação de mamão: uma alta de 14% em relação ao ano anterior. Quem puxou o aumento foram os estados do Rio Grande do Norte, Bahia e Ceará.
Fonte: Globo Rural
Fonte: Canal do Produtor