Técnicos e consultores do MAPA realizaram, entre 28 de março e 1º de abril, a segunda missão do projeto no estado do Mato Grosso. O roteiro foi finalizado com o quinto Fórum sobre Suinocultura de Baixa Emissão de Carbono, com o intuito de destacar a importância do reaproveitamento dos dejetos animais visando uma produção mais rentável e sustentável. Os produtores tiveram a oportunidade de conhecer as vantagens em adotar as tecnologias de tratamento de efluentes.
Na ocasião, o fiscal federal agropecuário do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Sidney Medeiros, iniciou o fórum mostrando os principais pontos do Plano ABC e do projeto Suinocultura de Baixa Emissão de Carbono. “O que vimos aqui durante essa semana é uma espetacular potencialidade da região em relação ao uso dos dejetos da suinocultura. A vinda da equipe do projeto para o Mato Grosso foi importante, pois aqui temos exemplos práticos de usos viáveis e rentáveis de tratamento de dejetos na suinocultura”, diz.
Medeiros destaca também que a realização do evento durante a feira tecnológica Show Safra BR-163 foi uma oportunidade de discutir o tema com um número expressivo de produtores e captar demandas de fomento do MAPA para a região.
Os consultores do MAPA também palestraram para mostrar maneiras viáveis de trabalhar com os dejetos. Cleandro Pazinato apresentou o tema “Tecnologias de Produção Mais Limpa na Suinocultura Brasileira”. A palestra “Geração de Renda a partir dos Dejetos da Suinocultura: Biofertilizante, Biogás e Energia Elétrica” foi proferida por Fabiano Coser. Por fim, o gerente de assessoramento técnico ao agronegócio do Banco do Brasil, Douglas Conche, falou sobre “As Oportunidades de Financiamento e Linhas de Crédito para Tecnologias de Baixa Emissão de Carbono”.
Segundo o gerente regional de agropecuária da BRF – Unidade Lucas do Rio Verde, José Luiz Serra, “trazer um fórum como esse é de uma importância muito grande. O tamanho dos projetos em nossa região nos dá a condição de trazer uma oportunidade de negócio sustentável para o que sabemos fazer que é criar suínos”, diz.
O engenheiro agrônomo e coordenador da área de expansão agropecuária e de meio ambiente da BRF, Paulo Sérgio Trentin, diz que a região possui uma grande quantidade de dejetos que podem ser utilizados como biofertilizante, biogás e na produção de energia, entre outras vantagens. “O Fórum abre espaço para que governo, empresas, bancos, entre outros, possam disponibilizar ferramentas para que o produtor consiga implementar essas tecnologias para a melhor utilização dos efluentes que agregam valor para o produtor. Além disso, torna a cadeia mais sustentável. É muito importante para o estado utilizar mais a questão do biogás”, destaca.
O produtor de suínos e proprietário da fazenda Seis Amigos, Iraldo Ebertz, ressalta a importância do evento e a necessidade de pensar nos benefícios dos dejetos. “Na minha opinião, foi extremamente importante o fórum ao tratar a área de tratamento de dejetos. Hoje ficou muito claro que na suinocultura temos uma grande oportunidade de aproveitamento de uma riqueza que se perde, que são os dejetos dos animais. Não consigo ver uma suinocultura sem o benefício do dejeto. Essa é a grande lição das palestras . Saio daqui muito empolgado e muito contente com o que vimos e pelo retorno que recebemos”, destaca.
Missão Mato Grosso
A equipe realizou, entre os dias 28 de março e 01 de abril, visitas técnicas em propriedades e empresas que trabalham com sistemas sustentáveis de produção de suínos em um estados que é referência no agronegócio brasileiro. Os consultores e técnicos do MAPA passaram por cidades como Vera, Sorriso, Lucas do Rio Verde, Ipiranga do Norte e Tapurah para pesquisar e conhecer de perto os diferentes meios de utilização do biogás, compostagem, e outras maneiras de trabalhar com o aproveitamento dos dejetos animais.
A fazenda Nutribras Alimentos do grupo Lucion foi a primeira visita da equipe. Ela é composta por uma sociedade familiar com investimento em diferentes setores. A empresa se destaca no estado do Mato Grosso na utilização de biodigestores para manejo de efluentes e na produção de suínos em sistema auto-sustentável. A produção fica localizada no município de Vera e a indústria em Sorriso, onde são abatidos 1350 suínos por dia.
Em seguida, a equipe teve a oportunidade de conhecer o sistema de produção de suínos da BRF, no município de Lucas do Rio Verde. Na ocasião, foram visitadas propriedades integradas à empresa e fazendas com trabalhos exitosos na questão do reaproveitamento dos dejetos dos animais.
A unidade da BRF de Lucas do Rio Verde possui atualmente 45 mil matrizes em produção e vai dobrar esse número, o que permitirá à agroindústria um abate de 9.100 suínos diariamente a partir de 2017.
Outra fazenda visitada foi a Mano Júlio, considerada exemplo de eficiência e diversificação de produção. A propriedade dos irmãos Marino e Paulo Franz, localizada em Ipiranga do Norte, tem como pilar a sustentabilidade para agregar valor na produção. A propriedade também faz parte do sistema integrado da BRF de Lucas do Rio Verde. A Mano Júlio tem como uma das prioridades o aproveitamento dos dejetos dos suínos, possibilitando a produção de biofertilizantes, a fertirrigação e a produção de energia limpa e renovável.
A Fazenda Toledo, localizada no município de Tapurah, se destaca por ter um dos maiores sistemas de integração de aves e suínos do País, sendo considerado um pólo da suinocultura no estado. O projeto é integrado com a BRF de Lucas do Rio Verde e tem em uma área de 1.500 hectares, com 96 aviários que comportam 2,6 milhões de frangos de corte e 67 mil suínos em recria e terminação. Anualmente, a propriedade engorda mais de 10 milhões de frangos e 180 mil suínos. A filosofia do proprietário Carlos Capeletti é que tudo se transforma e tudo é possível ser trabalhado. Com essa visão, ele utilizada o resíduo de uma produção como matéria-prima para outra.
As visitas técnicas da equipe do projeto Suinocultura de Baixa Emissão de Carbono teve também como cenário a Fazenda Seis Amigos, também integrada da BRF. A propriedade possui uma área de 1.374 hectares e contempla 13.500 matrizes em três Unidades de Produção de Leitões (UPLs). Em 2014, alcançou a marca de 353.975 leitões viáveis entregues. Segundo o sócio proprietário Iraldo Ebertz, todo o dejeto suíno produzido na propriedade passa pelos biodigestores antes de ir até a lavoura. Ao todo são 18 biodigestores e os biofertilizantes são utilizados na fertilização e fertirrigação de pastagens para a produção de feno em mais de 400 hectares.
Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento com apoio do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura
Fonte: Canal do Produtor
