Em pleno período de vacinação contra a febre aftosa, funcionários da fazenda São Luiz, no município de Paranhos, na região de fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai, estão impedidos de entrar na propriedade para realização do manejo bovino. O bloqueio vem de um grupo de indígenas da etnia Guarani que invadiu e depredou a sede da fazenda, mantendo funcionários em cárcere privado, no início da semana passada. O boletim de ocorrência com a denúncia do impedimento de acesso à propriedade foi registrado na Polícia Civil do município por um dos trabalhadores da propriedade.
De acordo com o boletim de ocorrência “os indígenas estão abordando todos os indivíduos que passam pela estrada naquele local e que os mesmos estão armados e realizando vistoria nas pessoas e veículos que por lá transitam, muitas vezes impedindo a passagem dos trabalhadores rurais daquela região e apontando armas para as pessoas”.
Com este já são sete os BOs registrados desde a semana passada cobrando providências contra a violência causada pela invasão. Segundo o filho do dono da propriedade, Rui Escobar, depois da invasão da sede por um grupo de 80 a 100 indígenas, no dia 29 de abril, foram feitos sete reféns entre funcionários da propriedade e crianças, os quais foram sequestrados e mantidos em cárcere privado, passando por diversos constrangimentos. Segundo um dos boletins de ocorrência, houve ameaça de morte.
- Os funcionários foram pintados e ameaçados e as mulheres obrigadas a dançar por várias horas antes de serem soltos. Houve danos morais assustadores – relata Escobar.
As invasões da Fazenda São Luiz começaram em 2010, quando os indígenas ocuparam 30 hectares. Atendendo a um pedido do Ministério Público Federal, os proprietários permitiram a permanência do grupo, sendo que foi construída até mesmo uma escola para as crianças no local. Em 2012, os indígena ampliaram a invasão para 300 hectares e agora tomaram posse da sede da fazenda. Esta é a oitava propriedade invadida na região, onde os indígenas pretende formar a Terra Indígena Arroio-Korá, na fronteira com o Paraguai.
Segundo Escobar, a suspeita dos produtores da região é que os grupos invasores não são formados somente por indígenas brasileiros, mas sim por integrantes paraguaios.
- Eles só falam guarani – afirma ele.
Tentando buscar providências contra a invasão, o produtor protocolou um requerimento anexando todos os boletins de ocorrência junto ao MPF – Ministério Público Federal e a Polícia Federal.
Com 1,6 mil hectares, a propriedade é considerada modelo de produção na região, sendo uma das primeiras a implantar a agricultura na fronteira e trabalhando atualmente no sistema agrosilvipastoril. A propriedade é da família Escobar desde 1882, conta o produtor, quando as terras da fazenda foram concedidas ao bisavô, Miguel Escobar, depois da Guerra do Paraguai.
- Eles foram heróis por habitar uma região de violência e em conflito com o país vizinho, onde havia um clima de insegurança. O local era isolado, todo o patrimônio construído no lombo de burro – contextualiza Escobar.
Atualmente, a fazenda São Luiz está em nome do pai, Firmino Aurélio Escobar, de 83 anos.
O Mato Grosso do Sul possui atualmente 84 propriedades rurais invadidas por indígenas, segundo as informações da Famasul – Federação da Agricultura e Pecuária de MS. Para Escobar, a ação dos indígenas tem sido motivada por ONG’s e não se trata de um movimento espontâneo.
- Há décadas convivemos pacificamente com eles (os indígenas). Eles são massa de manobra de interesses particulares – afirma.
Fonte: Famasul