As chuvas ocorridas na região Sul do Brasil entre setembro de 2015 e o início de fevereiro deste ano devido ao fenômeno El Niño, em especial no Paraná, tiveram impacto na cultura da soja, com reflexo direto na produtividade e na qualidade da produção. O Paraná caminha para o fim da colheita da soja, restando apenas áreas localizadas ao Sul do Estado, com uma expectativa de quebra de 8% na estimativa inicial.
Segundo o relatório de março do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), somadas a safra de grãos de verão, segunda safra e safra de inverno, o Paraná tem potencial ainda para colher 38 milhões de toneladas, repetindo o volume colhido no ano passado.
Nas lavouras de grãos de verão, como soja, milho e feijão da primeira safra (2015/16), as perdas foram mais acentuadas nas regiões do Norte Pioneiro e Central. "Ainda assim, a safra total de grãos deve ser boa", diz o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara.
A soja é um dos produtos afetados pelo excesso de chuvas, com perdas verificadas nas regiões Norte, principalmente Ivaiporã e Apucarana, e Centro-Oeste. Segundo o economista do Deral, Marcelo Garrido, em função do tamanho da área plantada, de 5,2 milhões de hectares, e da tecnologia de produção disponível no Estado, havia uma estimativa inicial de colher uma safra recorde de soja de 18,3 milhões de toneladas.
Após a ocorrência das chuvas, a safra foi reavaliada e deverá atingir um volume de 16,8 milhões de toneladas, uma quebra de 8%. "Mesmo assim, a atual safra terá 100 mil toneladas a menos que a anterior, que foi recorde", explicou Garrido.
Cerca de 87% da safra de soja já está colhida e o que está ocorrendo é a queda na produtividade e perda de qualidade dos grãos, por causa das chuvas. Em função da umidade, o produtor sofre muitos descontos na hora de entregar sua produção na cooperativa, apesar dos bons preços da commoditie.
O preço hoje, em média, é de R$ 62 pela saca de soja, 6% acima do pago em março do ano passado, quando o preço variava entre R$ 58 e R$ 59 a saca. A valorização está respaldada na elevação do dólar frente ao real, um dos motivos pelos quais o produtor antecipou as vendas de soja. Nesta safra 15/16 o produtor já tinha vendido 30% da produção no início do plantio.
Os custos de produção se elevaram, porque o produtor teve que fazer mais intervenções na lavoura com defensivos para conter a ferrugem, que avança sobre as plantas quando há excesso de umidade como ocorreu nesta safra.
Safra total
A safra paranaense de grãos de verão 2015/16 deverá apresentar uma quebra de produção em torno de 6%, em relação ao mesmo período do ano passado. Mesmo com excesso de chuvas, será colhido um volume de 20,7 milhões de toneladas, contra 22 milhões de toneladas de grãos colhidas no ano passado.
O relatório do Deral indica ainda que a segunda safra de grãos, tendo como carro chefe o milho safrinha, deverá render um volume total de 13,4 milhões de toneladas, 9% acima do volume produzido na mesma época do ano passado (12,2 milhões de toneladas.
Já a safra de inverno, liderada pelo plantio de trigo, começa a ser plantada no início de abril e poderá render um volume de 4,1 milhões de toneladas – 11% acima do volume colhido no mesmo mês do ano passado – de 3,7 milhões de toneladas. Assim, se não houver problemas de clima daqui para frente, o Paraná poderá recuperar e ultrapassar o volume de grãos produzidos em toda a safra anterior (2014/15).
Fonte: Folha Web
Fonte: Canal do Produtor