Refletindo o ritmo lento da economia brasileira, a Expodireto-Cotrijal somou R$ 1,58 bilhão em negócios encaminhados, uma queda de 28% em relação ao ano passado. O recuo em uma das maiores feiras do agronegócio do país evidencia que o setor primário também tem sentido os efeitos da crise – ainda que em menor escala do que a indústria e os serviços.
O volume de vendas foi o menor dos últimos quatro anos da feira realizada em Não-Me-Toque, no Norte do Estado.
— O Brasil vive um dos períodos mais críticos da história recente. A economia está sangrando, e claro que isso nos afeta e preocupa também — avaliou o presidente da Expodireto-Cotrijal, Nei César Mânica.
Conforme o dirigente, não faltou dinheiro para financiamento de máquinas e equipamentos — carro-chefe das vendas.
— O que se viu foi uma maior cautela dos produtores por conta da situação vivida pelo país — completou.
Mesmo com o recuo, o resultado foi considerado positivo, levando em conta que muitos negócios são realizados após a feira.
— A conjuntura atual é muito desfavorável. Mas o produtor está otimista em relação à safra, esperando colher e vender bem para então investir — ponderou o presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Estado (Simers), Claudio Bier.
Estimativa da Emater, divulgada durante a feira, estima uma colheita recorde de soja no Rio Grande do Sul, superior a 16 milhões de toneladas.
— Se a agricultura estivesse com problemas climáticos ou de lucro baixo, o resultado teria sido bem menor — considera Pedro Estevão Bastos, dirigente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
Para o gerente de mercado agronegócios do Banco do Brasil, João Paulo Comerlato, o resultado superou as expectativas do início da feira. Das propostas encaminhadas pela instituição financeira, principal operador de crédito agrícola do país, 50% foram dentro da linha de financiamento Moderfrota.
Todos os setores da feira tiveram queda nas vendas, em relação à 2015, exceto o da agricultura familiar. A maior redução foi no pavilhão internacional, pois neste ano não foram contabilizados os contratos de grãos, apenas de máquinas. O público de 210 mil visitantes também foi menor, 8% a menos. A próxima edição da feira será realizada de 6 a 10 de março de 2017.
Negócios na feira
Financiamento de bancos: R$ 1,24 bilhão (-22%)
Bancos de fábricas: R$ 210 milhões (-12%)
Recursos próprios: R$ 87 milhões (-21%)
Pavilhão internacional: R$ 39 milhões (-83%)
Agricultura familiar: R$ 956 mil (+12%)
Total: R$ 1,58 bilhão (-28%)
Fonte: Zero Hora