O mercado internacional da soja, nesta terça-feira (15), intensificou suas baixas e fechou o dia perdendo, nos principais contratos, com baixas de 3,5 a 4,2 pontos. O vencimento maio/16, referência para a safra brasileira e o mais negociado neste momento, terminou o pregão com US$ 8,91 por bushel, enquanto o agosto foi a US$ 8,96, perdendo, mais uma vez, a referência dos US$ 9,00/bushel.
A alta do dólar frente ao real e uma série de outras moedas internacionais pesou de forma significativa sobre os preços, pressionando não só os futuros da soja no quadro global, como as commodities de uma forma generalizada. Os demais grãos negociados na CBOT também recuaram, bem como os futuros do farelo de soja, além das soft commodities e do petróleo em Nova York, que fechou o dia com queda de mais de 2% e abaixo dos US$ 37,00 por barril.
Como explicou o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest, essa mudança de direção na taxa cambial torna o produto brasileiro mais competitivo e acaba redirecionando a demanda, que estava mais focada nos Estados Unidos, de volta à América do Sul. No entanto, “mesmo após esse leitura, nos últimos dias, quando o real se fortaleceu bastante, não se viu uma demanda muito forte nos EUA”, completa.
O recuo do mercado em Chicago veio ainda mesmo diante de bons números reportados pela NOPA (Associação Nacional dos Processadores de Oleaginosas dos EUA), que ficaram acima das expectativas do mercado. Em fevereiro, foram esmagadas 3,98 milhões de toneladas de soja, contra 3,81 esperado pelos traders. Em janeiro, o processamento foi de 4,01 milhões e, em fevereiro de 2015, de 4 milhões.
“O esmagamento veio acima do esperado, isso seria bom. Porém, do lado da indústria, há mais farelo e óleo para vender junto com seus concorrentes. E hoje, nos EUA, a realidade é de baixa demanda pelo farelo, o farelo americano continua bem caro – comparado com Brasil e Argentina, seus principais concorrentes – e isso tem gerado pressão de venda no farelo, que foi exatamente o que vimos nesta terça, com baixas de mais de 1% em seus futuros”, relata Vanin.
Paralelamente, o analista afirma ainda que o mercado norte-americano da soja segue pressionado ainda pelos bons estoques dos EUA, o que deverá ser confirmado no relatório dos estoques trimestrais que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz no próximo dia 31 de março. “O fundamento que vemos agora é de estoques folgados para os últimos seis meses da temporada, mantendo Chicago não muito acima dos patamares que estamos observando agora”, explica.
Mercado Nacional
A possibilidade cada vez mais forte de ter o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro, provavelmente da Secretaria Geral da Presidência, fez o dólar disparar no início da tarde desta terça-feira (15) frente ao real. Durante a tarde, a divisa chegou a subir mais de 3%. A Bovespa despencou.
Embora o cenário traga ainda mais incerteza para o agronegócio brasileiro e mantenha os vendedores ainda mais retraídos, o reflexo do avanço da moeda americana é imediato na formação dos preços da soja no Brasil. Nos portos, os ganhos passaram de 2%.
Em Rio Grande, a soja disponível fechou o dia com alta de 2,68% para R$ 76,50 por saca, enquanto em Paranaguá foi a R$ 76,00, registrando um ganho de 2,70%. Já o produto com embarques entre maio e junho subiram, respectivamente, 2,65% e 2,70%, para terminarem os negócios com R$ 77,50 e R$ 76,00 por saca.
E Eduardo Vanin alerta ainda para a necessidade de o produtor não acompanhar somente o dólar spot – ou o comercial, à vista – mas também as curvas da moeda no mercado futuro, já que esse será o fator determinante para as compras e vendas que ele fará daqui em diante.
“É de se ver, com o dólar e os prêmios no Brasil, um produtor voltando, pouco a pouco, ao mercado, mas ainda questionando muito a questão da política no Brasil, já que isso acaba gerando ainda muita dúvida e uma discrepância muito grande em relação á previsão de câmbio. Então, se tivermos um impeachment, podemos ver um dólar a R$ 3,50, se não tivermos nada, um dólar perto de R$ 4,00. Assim, tudo gera muita cautela”, diz o analista da Agrinvest.
Fonte: Notícias Agrícolas
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