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PROPINA PARA COLHEITA

Produtores rurais expulsos de suas casas na comunidade Boa Vista do Passo Liso, em Laranjeiras do Sul, na região central do Paraná, reclamam que, agora, têm sido obrigados a pagar ‘propina’ aos indígenas para poder colher as plantações.

O produtor rural Geronimo Kuskoski guardou durante anos uma economia para caso um dia um imprevisto acontecesse. Em dezembro, precisou da poupança: era preciso sair de casa e procurar outro lugar. Os índios haviam ocupado a propriedade dele.

- Ficou bastante coisa perdida lá ainda, uma parte da mudança a gente não venceu tirar. Ficou milho, arroz, feijão e amendoim plantado. Ficou tanta coisa perdida lá – conta.

A família do seu Geronimo e outras 12 foram pegas de surpresa e estão sem o sustento desde que os índios ocuparam suas propriedades.

Depois de 20 anos ou mais morando no campo, as famílias foram expulsas da região no início de dezembro e se mudaram para a cidade. Para algumas pessoas, pode significar melhora de vida, mas, pra elas, é um retrocesso. É deixar a casa própria para pagar aluguel.

Angustiadas, as famílias ainda esperam uma definição.

- Eu queria que a justiça dissesse a verdade, não fosse mentirosa. Se a terra é nossa ou não é. Se é nossa, que seja nossa, se for do índio, que seja do índio – diz.

Geronimo ainda consegue pagar o aluguel, mas a situação de outros agricultores não é a mesma. O produtor rural Nelci Zanesco, por exemplo, precisa da ajuda dos familiares e dos amigos. Ele vendeu as cabeças de gado e deixou os sete alqueires de soja, financiados, ainda plantados.

Entretanto, ele não consegue colher a plantação.

- A soja não consegui fazer tratamento, teve uma perda muito grande, em torno de 70%. Estamos esperando para colher o mínimo que deu, não é? E ainda querem cobrar propina. E quem não paga e entra com a máquina, eles queimam. Eles metem fogo na máquina – relata.

As propriedades na comunidade Boa Vista do Passo Liso somam sete mil hectares e estão em uma disputa judicial. Há uma liminar que determina a retirada dos índios do local, mas a reintegração de posse não foi cumprida peola Polícia Federal (PF).

Um cacique foi preso recentemente suspeito de cometer vários crimes. Mas, para os agricultores, a prisão não mudou em nada a situação.

- Ficou muita coisa para trás. Deixei minha casa, todos os meus pertences, a minha dignidade e minha honra – afirma Geronimo.

O que as autoridades dizem:
“A Justiça Federal em Guarapuava, na região central do Paraná, informou que, em todas as ações, reconheceu os agricultores como donos das terras e que já determinou a reintegração de posse.”

Fonte: G1 – PR



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