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FERTILIZANTES EM DISPARADA

As vendas de fertilizantes nas primeiras dez semanas do ano dispararam no Brasil devido a uma melhor relação de troca percebida pelos produtores rurais, avaliou nesta terça-feira a norte-americana Mosaic, uma das maiores empresas do setor no país.

Os negócios fechados pelo setor, para entrega futura, totalizaram cerca de 7,5 milhões de toneladas desde o início de 2016, o dobro do realizado no mesmo período do ano passado, disse à Reuters o presidente da Mosaic no Brasil, Floris Bielders.

- Três semanas atrás estávamos muito mais pessimistas sobre 2016. O mercado (comprador) está mudando sua percepção. A demanda está chegando mais cedo e essa mudança é importante – disse o executivo, que não revelou detalhes sobre os volumes movimentado pela empresa no Brasil.

O ano passado foi difícil para o setor de fertilizantes, com uma retração de 6,2 por cento nas entregas, para 30,2 milhões de toneladas, após um recorde de 32,2 milhões de toneladas vendidas em 2014, segundo dados da associação das indústrias do setor.

A Mosaic projeta oficialmente que as entregas de fertilizantes no Brasil deverão ter uma leve recuperação para 30,4 milhões de toneladas em 2016.

- Contudo, essa previsão foi feita dois meses atrás. Muita coisa mudou desde então – disse Bielders, arriscando uma estimativa pessoal de alta para 31 milhões de toneladas este ano.

O quadro recente tem sido favorável aos agricultores.

Com o dólar girando na casa de 4 reais desde o último trimestre de 2015, uma estabilidade nos preços internacionais de grãos e uma queda gradual, até fevereiro, nas cotações mundiais de fertilizantes, a relação entre os preços obtidos pelos agricultores com a venda de seus produtos e o que precisa ser pago pelos fertilizantes tem estado cada vez melhor.

É fato que o dólar torna os adubos, boa parte deles importados, mais caros, mas a estimativa da Mosaic é que o câmbio tenha influência sobre apenas metade dos custos da agricultura brasileira. Por outro lado, o real desvalorizado provoca ganhos em uma fatia de 75 por cento da renda do produtor rural.

FATORES PSICOLÓGICOS

Bielders identificou quatro fatores que prejudicaram os negócios com fertilizantes em 2015, três deles dissipando-se em 2016.

Segundo ele, o clima ruim na economia e na política do país contribuiu para um pessimismo e uma desaceleração nos investimentos dos agricultores no ano passado.

- Mas para este ano (2016), a agricultura está indo bem. Apesar de um problema no país, agricultura está indo bem… No fim das contas, os agricultores acreditam no que estão fazendo, e precisam de fertilizantes – falou.

O ano passado também foi marcado por uma queda nas margens dos produtores, que vinham em níveis bastante elevados em anos anteriores. Passado o susto, e com a percepção de que as margens continuam razoáveis, é hora de voltar a comprar, avaliou o executivo.

Há ainda o fator de volatilidade dos preços dos fertilizantes e dos próprios produtos agrícolas.

- Ano passado estava muito difícil tomar a decisão correta. Todas as essas variáveis deixaram todo mundo paralisado. Os preços agora estão mais estáveis e o dólar também está mais estável – analisou o presidente da Mosaic.

- Mesmo o dólar hoje a 3,75 reais, não é o suficiente para acabar com a festa. Mesmo nesse nível, as margens dos produtores estão no verde – avaliou.

O único inibidor de negócios que não dá mostras de recuperação em 2016 é a dificuldade de acesso ao crédito, principalmente nas linhas subsidiadas pelo governo federal.

Os recursos chegaram tarde, mais escassos e mais caros em 2015, razões apontadas pelo setor para um atraso nas vendas de fertilizantes ao longo do ano que acabou não sendo recuperado até o final do período.

Em meio às dificuldades do governo para fechar suas contas e a uma inflação elevada, não se pode esperar crédito farto e barato, o que contribui para as previsões moderadas de recuperação das vendas de fertilizantes em 2016.

2017

As perspectivas são melhores para 2017, avaliou o executivo da Mosaic.

Para corroborar a percepção de que as dificuldades do setor de fertilizantes são temporárias, Bielders citou as recuperações vistas após 2005 e 2008, anos de queda no setor.

- Esperamos uma rápida aceleração (das vendas) em 2017 – disse.

Em meio a uma constante expansão de área cultivada no país, será necessária uma retomada de adubação, uma vez que os estoques de nutrientes no solo se esgotam rapidamente de um ano para outro no Brasil

- Os agricultores verão a necessidade de adubação – projetou o executivo.

Fonte: Reuters

 



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