Para dar conta do aumento expressivo da produção, as agroindústrias do oeste do Paraná estão importando mão de obra de outros continentes. Essa mistura de forças está trazendo ótimos resultados.
O mercado internacional paga bem pelo frango que compra, mas quer produto de qualidade. Por isso, as agroindústrias brasileiras tiveram que investir. Na C. Vale, por exemplo, na etapa de embalagem para exportação, robôs separam os cortes de acordo com as exigências de cada país e montam as caixas que vão para os contêineres.
O abatedouro funciona 24 horas. Três mil funcionários se dividem em três turnos para abater e processar mais de 400 mil frangos por dia – 55% vai para o mercado externo, como explica o gerente industrial Reni Girardi.
- Nós temos mais 180 cortes diferentes registrados. Cada cliente tem uma especificação diferente de produto. Então acaba-se registrando muitos produtos para atender a necessidade do cliente – falou.
No ano passado, o Brasil se tornou o principal exportador mundial de carne de frango. O volume exportado foi recorde histórico, mais de quatro milhões de toneladas. A previsão para esse ano é de mais crescimento ainda, com a abertura de novos mercados. Pra atender a demanda, as agroindústrias tiveram que correr atrás de mão de obra. Não falta trabalho, falta gente. Por isso, a C. Vale abriu suas portas para receber trabalhadores de lugares muito distantes.
Há dois anos, quando decidiu deixar Alagoas, James Souza nem imaginava que hoje estaria tão feliz. Ele acaba de ser promovido a operador de máquinas. Vai ver o salário pular de R$ 1 mil para R$ 1.500, mais do que o dobro do que recebia quando trabalhava como servente de pedreiro em Maceió.
- O que a gente vivia lá em Alagoas pra aqui, eu me considero no paraíso – falou.
Carolina Lopes precisou viajar bem menos que o James para ganhar a vaga de auxiliar no departamento de embalagem, mas teve que cruzar a fronteira pra chegar aqui. Ela é paraguaia. Trocou um emprego de contadora pela chance de crescer no Brasil.
Teve gente que cruzou oceanos pra chegar ao Paraná. São várias etnias, vários idiomas convivendo na cooperativa. Pessoas do Senegal, Mali, Zâmbia, Síria, Paquistão. De continentes, raças, costumes bem diferentes, mas todos com um mesmo sonho: construir um futuro melhor.
Suhail Ahmed era comerciante no Paquistão. Tinha uma loja de CD. Chegou ao Brasil há dois anos. É o faz tudo da fábrica, desde pequenos consertos na rede elétrica até pintura. Está satisfeito com essa oportunidade. Já Mohamed Ossama fugiu de seu país natal, a Síria. Pra escapar da guerra, deixou pra trás, pai, mãe, a mulher, o emprego e a faculdade de administração. Mohamed trabalha como auxiliar de produção avícola e sonha alto: trazer a mulher e cursar engenharia no Brasil.
Hoje, a cooperativa conta com quase cem estrangeiros. E se engana quem pensa que os colegas brasileiros se incomodam com gente de fora ocupando os empregos daqui.
- Não, não, de maneira nenhuma, Isso, pra gente que é daqui do Paraná, é até uma coisa boa, pela cultura, pela riqueza de cultura, línguas diferentes. Então, isso a gente aprende, acaba até aprendendo com eles – diz o coordenador de produção Luiz Carlos Gil.
Pra diminuir as despesas e espantar a solidão, os simpáticos estrangeiros, em geral, moram juntos. Em um bairro de Palotina vivem muitos estrangeiros, especialmente senegaleses, que aos fins de semana, se reúnem em uma casa pra fazer comidas típicas e matar saudade do país natal.
Com a força de trabalho de nossa gente e a determinação de quem cruzou o mundo, a avicultura brasileira segue em busca de sonhos ainda mais ambiciosos. Sonhos como o da alagoana Maria Assunção. Ela conseguiu um emprego na cooperativa e ainda trouxe 17 parentes do Nordeste para trabalhar.
Fonte: Globo Rural