Brasília (03/03/2016) – Plantio direto, Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) para recuperação de pastagens degradadas. Esses são alguns exemplos de técnicas sustentáveis, utilizadas no Brasil, que têm minimizado a emissão dos Gases de Efeito Estufa (GEE) na atmosfera. O estudo “Riscos de Mudanças Climáticas no Brasil e Limites à Adaptação”, divulgado nessa quarta-feira, (02/03), pelo Centro de Monitoramento de Alerta de Desastres Naturais (Cemaden), em parceria com a Embaixada do Reino Unido no Brasil, revela que, no ano de 2100, o aquecimento global pode chegar ao limite de 4° Celsius em relação à era pré-industrial e trará riscos significativos à agricultura, saúde e biodiversidade.
Os impactos das mudanças climáticas são estimados para um cenário futuro em que os países não cumpriram as meta para reduzir a emissão de gases e amenizar o aquecimento global. Entretanto, de acordo com o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Eduardo Assad, o Brasil utiliza técnicas sustentáveis, como produção de sementes mais resistentes à seca e sistemas de conservação e restauração, reconhecidos pelo Programa Agricultura de Baixo de Carbono (ABC), que vão ajudar o país a sofrer menos as consequências das mudanças climáticas. “O cenário preocupa, mas o país tem condições de continuar como grande produtor mundial de alimentos”.
Os dados do estudo mostram os possíveis riscos do aquecimento global se a temperatura subir entre 3°C e 4°C. Na agricultura, por exemplo, o risco aumenta substancialmente em função das altas temperaturas e deficiência hídrica. Haveria uma redução das áreas de baixo risco para as plantações de milho, feijão e arroz. A cultura do feijão seria afetada com perda de 57% das áreas de baixo risco. Segundo o estudo, “em termos nacionais, a tendência é que as lavouras afetadas migrem para o norte do Estado de Mato Grosso. Entretanto, cultivares com alta tolerância a seca e deficiência hídrica serão lançadas no mercado e sistemas de produção mais sustentáveis serão adotados. Isso poderá minimizar os efeitos do aquecimento global”.
O climatologista e presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Carlos Nobre, defendeu que a análise das consequências atuais e futuras de elevação da temperatura em 4°C é um aspecto crucial para a agricultura brasileira, já que ela é afetada pelo aumento da concentração de Dióxido de Carbono (CO2). “O estudo é um alerta para o nosso país e para o mundo. A notícia boa é que além das técnicas utilizadas na agricultura, o Brasil é protagonista quando o assunto é negociação climática”, afirmou o presidente da Capes.
Para o coordenador de Sustentabilidade da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Nelson Ananias Filho, o país sentirá os efeitos do clima, mas se comprometeu, na 21ª Conferência do Clima (COP 21), em Paris, a desenvolver políticas públicas de reflorestamento, reduzir os custos de financiamento às atividades sustentáveis de produção e mais investimentos em ciência e tecnologia. “Minimizar os riscos significa formular políticas públicas que priorizem a mitigação”, concluiu Nelson.
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Fonte: Canal do Produtor