No mês de fevereiro, o Brasil registrou exportação de 5,37 milhões de toneladas de milho. O volume é quase cinco vezes superior aos embarques de fevereiro de 2015, que foram de 1,10 milhão de toneladas, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Os embarques geraram receitas de US$ 892,2 milhões, um crescimento de 332% em relação aos US$ 206,4 milhões de fevereiro do ano passado.
Para o professor Lucilio Alves, pesquisador de grãos do Centro de estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o que explica o fenômeno é a combinação de uma grande safra, câmbio favorável e preços convidativos. “A boa oferta de milho em 2015 coincidiu com uma taxa de câmbio que tornou o Brasil muito competitivo e, neste ano, continua havendo uma boa demanda pelo produto brasileiro”, afirma. “Temos preços domésticos para o milho cerca de 30% maiores do que os praticados nos mercados argentino e americano, então o produtor está aproveitando essa oportunidade.”
Embora os preços domésticos para o milho estejam elevados há alguns meses, o professor explica que as cotações internas não representam um recorde absoluto. “A curva de preços é ascendente e os preços atuais do milho são os maiores que já vimos em termos nominais. Mas, levando em consideração a inflação, o preço só é superior ao de dezembro de 2012”, explica Alves. De acordo com o Banco Central, estima-se inflação de 7,57% em 2016 e de 6% em 2017.
Previsões para 2016
Em relação a janeiro deste ano (4,45 milhões de toneladas), as exportações de fevereiro cresceram 20,6%. No acumulado de 2016, as exportações brasileiras de milho atingiram 9,83 milhões de toneladas.
As exportações de milho vão recuar nos próximos meses, cedendo espaço para os embarques de soja. Assim que a soja é colhida, os produtores iniciam o plantio da segunda safra, com o cultivo principalmente de milho, algodão, arroz e feijão, além de culturas de inverno, como o trigo. A expectativa é de aumento da área plantada com milho na segunda safra e uma boa colheita, o que deve reaquecer novamente as exportações de milho no segundo semestre.
De acordo com Flávio Antunes, consultor da INTL FCStone, o Brasil é capaz de registrar novos recordes nos embarques de milho. “O principal fator que motiva a exportação é o câmbio. No ano passado a trading exportava com o dólar valendo R$ 2,80. Agora, exporta com dólar em torno de R$ 4. Para nós, é interessante exportar e é bom para quem compra também”, afirma.
Ele pondera que os Estados Unidos estimam um aumento da área plantada e da produção de milho, o que pode equilibrar a demanda. “Quando o milho dos Estados Unidos entrar no mercado, é possível uma troca de posição. Em vez de buscar o milho brasileiro, o comprador pode optar pelo milho americano”, afirma o consultor.
Ainda assim, segundo Antunes, os preços do milho no mercado doméstico vão continuar em patamares elevados e o dólar seguirá valorizado, com cotação em torno de R$ 4. “Estamos com estoques muito baixos e o setor de aves e suínos precisa de milho para a ração animal. Se exportarmos menos, teremos mais milho para aves e suínos. Para nós, a demanda vai continuar alta.” Os estoques de milho, que estavam em torno de 10 milhões de toneladas no ano passado, devem recuar para 6,5 milhões de toneladas de milho nesta safra.
Fonte: Darlene Santiago, do site Successful Farming Brasil
Fonte: Canal do Produtor