As cotações futuras do milho negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) iniciaram o pregão desta quarta-feira (2) com leves altas, próximas da estabilidade. Perto das 7h57 (horário de Brasília), as principais posições do cereal registravam ganhos entre 0,50 e 1,00 pontos. O vencimento março/16 era cotado a US$ 3,54 por bushel, enquanto o maio/16 a US$ 3,56 por bushel.
"De uma perspectiva técnica todos os três principais mercados de grãos, soja, milho e trigo, operam em áreas de resistência desde o final de janeiro e foram incapazes de romper essa barreira para cima. Agora todas as três commodities são ou estão perto de novas mínimas", disse Ted Seifried estrategista chefe de mercado, em entrevista ao site internacional Agweb.
Do lado fundamental, existem algumas preocupações com o tempo para a próxima safra norte-americana, porém, ainda é um pouco cedo. "Com isso, ficamos com os fundamentos desse momento. Temos grandes estoques de milho no mercado interno e no exterior e tem havido pouca ou nenhuma notícia nova. Diante desse quadro, acreditamos que os preços podem manter alguma pressão no curto prazo a menos que haja algum problema com a safra da América do Sul, o que poderia obrigar os compradores a preencher algumas necessidades imediatas nos EUA", explica o estrategista.
Veja como fechou o mercado nesta terça-feira:
Milho: No mercado interno, preços seguem firmes e estão 60% acima do registrado no mesmo período de 2015
A terça-feira (1) foi negativa aos preços do milho praticados nos portos brasileiros. Em Paranaguá, a cotação futura recuou 2,82% e fechou o dia a R$ 34,50 a saca, para entrega em setembro/16. No terminal de Rio Grande, a queda foi de 1,58%, com a saca do grão a R$ 43,50. Mais uma vez, as cotações acompanharam a desvalorização registrada na moeda norte-americana.
O dólar fechou o dia a R$ 3,9411 na venda, com perda de 1,56%, menor nível de fechamento desde 10 de fevereiro, quando encerrou o dia a R$ 3,9355. Segundo informações da agência Reuters, a movimentação negativa foi ocasionada pela reação aos novos estímulos na China, os ganhos nos preços do petróleo e os indicadores econômicos positivos nos Estados Unidos.
Na contramão desse cenário, a cotação do milho subiu 3,33% em Tangará da Serra (MT), com a saca a R$ 31,00 no fechamento do dia. Em Cascavel (PR), o ganho foi menor, de 0,61% e a saca negociada a R$ 33,00 a saca. Nas demais praças pesquisadas pela equipe do Notícias Agrícolas o dia foi de estabilidade.
Na visão do pesquisador do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), Lucílio Alves, os preços continuam firmes no mercado interno em meio ao quadro ajustado entre oferta e demanda. "Apesar da colheita da safra de verão avançado, temos o lado vendedor ainda otimista aos níveis das cotações e aguardando os estoques disponíveis, pois a primeira safra será menor do que a de 2015. Além disso, as vendas antecipadas com a soja foram intensas no ano anterior, com isso, a evolução da colheita da oleaginosa o produtor faz caixa com esses negócios e não há necessidade de novas vendas de milho. Por outro lado, temos um mercado comprador", destaca.
Diante desse quadro, as cotações ainda estão 60% acima do registrado no mesmo período de fevereiro de 2015. "E a taxa de câmbio ainda faz com a paridade continue elevada e temos um ritmo de exportação forte ainda. O quadro contribui para o enxugamento do mercado doméstico em um ambiente interno comprador e uma restrição vendedora, o que resulta em valores sustentados", ratifica Alves.
Ainda hoje, a Secex (Secretaria de Comércio Exterior) reportou que em fevereiro de 2016, os embarques de milho somaram 5.374,4 milhões de toneladas, com média diária de 282,9 mil toneladas diária. O volume diário representa uma alta de 26,9% em comparação janeiro desse ano, quando o número ficou em 222,9 mil toneladas. Já em relação ao mesmo período do ano passado, o crescimento é de 360,8%.
"Ainda assim, acreditamos que os embarques tender a voltar ao ritmo normal para o período, já que nesse instante o foco é a exportação de soja. Os line-ups já não indicam navios para o carregamento do grão no Porto de Santos e a cada dia volumes menores para Paranaguá. E vale lembrar que, os estoques de passagem foram estimados em 10,5 milhões de toneladas, mas se considerarmos a média embarcada no acumulado de fevereiro de pouco mais de 4 milhões de toneladas, teríamos 6 milhões de toneladas de estoques de passagem", diz Alves.
Contudo, a evolução da colheita juntamente com a redução no ritmo de embarques podem elevar o excedente doméstico e amenizar os ganhos nas cotações, conforme sinaliza o pesquisador. "Os contratos futuros da BM&F Bovespa já apontam para uma queda nos preços, se comparado os valores dos contratos. A diferença entre as posições março e setembro é de 16%. Os agentes esperam que a oferta da safra de verão e a maior oferta da safrinha possam pressionar os preços", completa.
BM&F Bovespa
Inclusive, na BM&F Bovespa, as cotações do milho fecharam o pregão desta terça-feira (1) em campo misto. A primeira posição, março/16 finalizou o dia estável em R$ 44,07 a saca. Já o vencimento maio/16 registrou leve alta, de 0,60%, com a saca a R$ 42,10, em contrapartida, o setembro/16 caiu 0,08%, cotado a R$ 37,14 a saca.
Bolsa de Chicago
Na Bolsa de Chicago (CBOT), as cotações também finalizaram a sessão em campo misto, próximas da estabilidade. O vencimento março/16 era cotado a US$ 3,53 por bushel, com alta de 0,25%. As demais posições exibiram perdas entre 1,25 e 1,75 pontos. O contrato maio/16 era negociado a US$ 3,55 por bushel e o setembro a US$ 3,65 por bushel.
Sem novidades, o mercado segue acompanhando as informações vindas do mercado financeiro. "Ainda não há uma notícia positiva para o mercado. Além disso, as exportações foram decepcionantes e o dólar está mais forte, o que acaba afetando as exportações americanas de forma negativa", explica o analista de grãos, da US Commodities, Jason Roose.
E nem mesmo as primeiras projeções para a nova safra americana reportadas na semana anterior foram fortes o suficiente para modificar o cenário de preços. As estimativas apontam para um crescimento expressivo nos estoques do país na temporada 2016, que poderão ficar em 50,22 milhões de toneladas, o maior dos últimos 12 anos. A safra americana poderá somar 351,17 milhões de toneladas e a produtividade média alcançar 177,8 sacas por hectare.
Fonte: Notícias Agrícolas
Fonte: Canal do Produtor