Ceolin não calcula o custo da lavoura em reais ou dólar, ele usa a própria soja como moeda de compra

PRODUÇÃO MUNDIAL RECORDE

Assim como nas lavouras gaúchas a produção estimada é a maior de todos os tempos, a safra brasileira também pode ser histórica: no dia 11 de novembro, a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) divulgou o 2º levantamento das safras de grãos que apontou uma projeção de potencial médio da safra de soja 2014/15 do Brasil em 90,54 milhões de toneladas, podendo variar entre 89,34 milhões de toneladas e 91,74 milhões de toneladas. Já o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês) tem uma projeção mais otimista para a safra no segundo maior produtor mundial de soja – 94 milhões de toneladas contra a safra anterior que foi a maior até então com 86,7 milhões de toneladas. O USDA também estima uma safra recorde de 55 milhões de toneladas na Argentina – terceiro maior produtor mundial do grão –, enquanto os Estados Unidos devem atingir a colheita recorde de 107,69 milhões de toneladas. Essa projeção de safras elevadas nos principais países produtores aumenta a oferta e pressiona para baixo a cotação da soja. Conforme o USDA, o preço médio a ser recebido pelo agricultor norte-americano na porteira da fazenda será de US$10/bushel ou US$ 22/saca. Por outro lado, a demanda por farelo de soja está subindo em virtude do aumento do consumo de carne, principalmente nos países em desenvolvimento. A China, no ano agrícola anterior, importou 69 milhões de toneladas e nesta temporada esse número deve subir para 74 milhões de toneladas.

– Acredito que o preço médio divulgado pelo USDA terá uma variação de até 20%, ficando entre US$ 18/saca e US$ 26/saca até o final do ano agrícola nos EUA que termina em 30 de agosto de 2015. Esse pode ser um parâmetro para o sojicultor brasileiro que atualmente está recebendo um prêmio positivo e o valor pago está acima de Chicago – avalia Sartori.

Os irmãos de Espumoso que comercializaram a safra passada com piso de R$ 58/saca e pico de R$ 68/saca, consideram o mercado atual muito obscuro. Sem saber qual será a resposta concreta das safras nos Estados Unidos e no Brasil, eles já trabalham com expectativas de valores menores do que os praticados na temporada passada.

– A perspectiva atual é de um preço médio de R$ 52/saca – reitera Luciano.

– No mercado futuro os preços oferecidos deixam os produtores preocupados – acrescenta Marcos.

Na opinião de Ceolin, as supersafras americana e brasileira já estão precificadas e, por isso, ele não acredita que a cotação da soja fique abaixo de US$10/bushel (cerca de R$ 57/saca). Para se defender de qualquer surpresa do mercado, ele negocia parte da safra antecipadamente.

– Sempre procuro vender em torno de 20% da produção antecipada – é o meu desemboso – esclarece.

O analista da Consultoria Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez Roque, também acredita que as supersafras já estão em boa parte com os preços fixados, e esclarece que eventuais quebras nas produtividades devido a problemas climáticos exercerão pressões positivas em Chicago.

– No mercado interno, além da influência dos contratos futuros de Chicago, o câmbio pode vir a ser um fator de sustentação, visto a tendência compartilhada pelo mercado de valorização do dólar frente às demais moedas mundiais no próximo ano – prevê Luiz Fernando.



avatar

Envie suas sugestões de reportagens, fotos e vídeos de sua região. Aqui o produtor faz parte da notícia e sua experiência prática é compartilhada.


Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.