Sustentabilidade e rentabilidade são palavras-chave quando o assunto é diversificação de culturas no agronegócio. O tema é uma realidade que tem se tornado cada vez mais comum entre os produtores de Mato Grosso e traz o impacto positivo quando o assunto é controle de pragas e doenças.
Um exemplo de como a diversificação já faz parte das propriedades de soja no estado é a fazenda Santa Rosa, localizada em Campo Verde. Seu proprietário, Alexandre Schenkel, administra uma área de 720 hectares para o plantio – dos quais a soja ocupa 420 a 470 hectares. Com as outras culturas, a Santa Rosa consegue fechar o ano com 1.440 ha cultivados.
- Plantamos de 150 a 200 hectares de feijão na primeira safra, e 420 a 470 hectares de soja. Na safrinha, cultivamos 400 a 500 hectares de algodão, uns 50 hectares de feijão safrinha e uns 170 a 220 hectares de milho – contabiliza Schenkel, que abriu sua propriedade nesta semana para jornalistas em Dia de Campo promovido pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), da qual é Diretor Administrativo.
De acordo com ele, a diversificação de culturas foi o caminho natural das propriedades de soja em Mato Grosso.
- Em 2004, tínhamos um cenário com preços da soja lá embaixo e um milho que ainda não tinha mercado. Diante desse cenário, a monocultura começou a se mostrar inviável. O que a gente procurou fazer? Diversificar. Começamos com 15% da área, depois 20%, e, hoje, praticamente 30% da área tem a diversificação. Na safrinha, ao invés de plantar 100% do milho, por exemplo, fazemos plantio de algodão – comenta Schenkel.
Vice-presidente da Aprosoja e agricultor em Sorriso, Elso Pozzobon é outro defensor da diversificação. E ele cita pelo menos dois grandes motivos para isso. Um é econômico.
- Dessa forma, o produtor não fica dependente, financeiramente, de só uma cultura. Com culturas diversificadas, ele pode ter um preço melhor, o que dá mais segurança financeira – falou.
O outro aspecto identificado por Pozzobon é de ordem agronômica.
- Plantar sempre uma cultura sucessiva pode desenvolver pragas e doenças de forma mais intensa. A diversificação favorece o equilíbrio sanitário – explica.
Este “equilíbrio” já é realidade em Mato Grosso. Dados colhidos durante o Circuito Tecnológico – Etapa Soja, em outubro de 2015, mostram que sete culturas antecessoras à soja representam 43% do total plantado nas propriedades rurais das quatro regiões de Mato Grosso. São elas: milheto (17%), braquiária (7%), algodão (6%), crotalária (5%), feijão (2%), sorgo (2%), girassol (1%), sudão (1%) e outros (1%). Além delas, 57% plantam milho.
Produtividade
Uma das consequências mais favoráveis da diversificação de culturas é o aumento da produtividade de todas as culturas envolvidas. O pesquisador da Fundação MT, Claudinei Kappes, explica que com a rotação de culturas é possível melhorar as características físicas, químicas e biológicas do solo, além de permitir uma quebra do ciclo de vida de insetos-praga, patógenos e plantas daninhas.
- Além disso, conseguimos manter e até mesmo incrementar o teor de matéria orgânica do solo, maximizando a utilização de implementos agrícolas na propriedade, o que acarreta considerável aumento de produtividade – observa Kappes.
O pesquisador afirma que a rotação com leguminosas e gramíneas, por exemplo, é uma “receita de sucesso” para o solo.
- Quando semeada após milho, milheto ou braquiária, por exemplo, a soja pode ter sua produtividade incrementada principalmente em função da reciclagem de nutrientes, por se tratar de uma cultura com sistema radicular pouco profundo. Sistemas de produção que contam com a rotação de culturas são ambientes com maior quantidade de palha e que contribuem para o aumento da matéria orgânica, ao longo do tempo. E a matéria orgânica do solo é a chave do sucesso para um bom índice de aproveitamento de nutrientes – destaca o pesquisador.
Fonte: Ascom Aprosoja