A Embrapa apresentou a produtores rurais e a outros interessados a BRS Catiana, mais nova opção de arroz irrigado para o Tocantins. No dia 16 de fevereiro, última terça-feira, a visita técnica foi numa propriedade rural de Lagoa da Confusão. No dia seguinte, 17, foi a vez de uma propriedade de Formoso do Araguaia receber pesquisadores e técnicos da empresa.
A BRS Catiana será oficialmente lançada durante a Agrotins 2016, importante feira agropecuária voltada não apenas à região do Matopiba, onde fica o estado. Antes do evento (marcado para o início de maio), a Embrapa está divulgando a variedade na região grande produtora de arroz irrigado do Tocantins.
E não é apenas no estado que ele pode ser plantado: "ela se adapta a todas as regiões produtoras de arroz do Brasil, do Rio Grande do Sul a Roraima", afirma o pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás-GO) Orlando Peixoto de Morais sobre a ampla recomendação de plantio da BRS Catiana.
Além da adaptação às condições edafoclimáticas (relacionadas a solo e a clima) de grande parte do país, um ponto positivo da nova opção de plantio de arroz é a produtividade. Segundo Orlando, "essa variedade é muito produtiva. Em Uruguaiana-RS, experimentalmente, nós obtivemos 15,5 toneladas de arroz por hectare". A média de produtividade no Rio Grande do Sul passou de 9 toneladas por hectare.
No Tocantins, os números são menores que no Sul do país, mas nem por isso pequenos. Os testes realizados em Lagoa da Confusão indicaram produtividade média de quase 6,4 toneladas por hectare, com produtividade máxima de quase 10 toneladas por hectare. É importante destacar que esses números referem-se ao potencial produtivo, ou seja, à produtividade que a BRS Catiana pode obter, desde que haja manejo adequado e que o produtor esteja atento a questões como o controle de doenças.
E a resistência à brusone, doença mais importante que ataca o arroz no Brasil, é, justamente, o principal destaque da nova variedade de arroz da Embrapa na visão de Orlando, que é pesquisador da área de melhoramento genético. A brusone, que em casos extremos chega a comprometer toda a produção, ainda não apareceu nas lavouras da BRS Catiana.
É fundamental que o produtor esteja bastante atento ao surgimento de doenças em sua lavoura de arroz. Segundo Marta Cristina de Filippi, pesquisadora da área de fitopatologia (que estuda doenças em plantas) da Embrapa Arroz e Feijão, "o manejo pra controle de doença integra a resistência da cultivar, os tratos culturais e o controle químico. Essas práticas devem ser pensadas antes de se começar a lavoura".
É importante que os três itens sejam trabalhados de maneira complementar. O controle químico, alerta Cristina, "deve ser uma ajuda e não deve ser a solução total pra resolver o problema da doença". Em outras palavras, não é interessante que o produtor aposte todas as suas fichas apenas no uso de produtos químicos para controlar a incidência de doenças em sua lavoura. Há, ainda, a possibilidade de usar produtos de origem biológica, dentro do chamado controle biológico.
Experiências com a BRS Catiana
A Embrapa não comercializa, diretamente, suas sementes. Para que o produtor tenha acesso a elas, são selecionadas empresas que ficam responsáveis por essa comercialização. No caso da BRS Catiana, foi selecionada a Sementes Simão. Para a safra 2015/2016, a empresa distribuiu cinco toneladas de sementes da nova variedade de arroz da Embrapa entre dez produtores no Tocantins, sendo cinco em Lagoa da Confusão, três em Formoso do Araguaia e dois em Dueré.
A ideia foi que os produtores pudessem acompanhar, no campo, a evolução e o comportamento da BRS Catiana. Duas das propriedades que receberam sementes sediaram as recentes visitas técnicas. José Alberti Oliveira Nunes produz arroz em Lagoa da Confusão e ressalta o potencial do novo arroz irrigado da Embrapa com relação ao não aparecimento de doenças. Segundo ele, os gastos com fungicidas (produtos que controlam doenças), hoje, são o item que mais pesa no custo total de produção – cerca de 30%. Alberti espera que a BRS Catiana seja uma alternativa para a região, inclusive com redução do custo com fungicidas para cerca de 10% do custo total.
Outra propriedade que já experimentou a nova variedade de arroz da Embrapa é a Verdes Campos, que fica em Formoso do Araguaia. Segundo José Valverde, coordenador agrícola da fazenda, a BRS Catiana "está surpreendendo a gente positivamente". Apesar de algumas adversidades, como o local em que a lavoura foi instalada, o resultado está sendo bom. A brusone ainda não surgiu no local, ao contrário de outras áreas da própria fazenda, onde houve registros da doença.
Os trabalhos com a cultura do arroz no Tocantins são coordenados pelo pesquisador Daniel de Brito Fragoso, que é ligado à Embrapa Arroz e Feijão e trabalha no estado contando com a parceria da Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas-TO). Há perspectiva de, para as próximas safras, serem lançadas cultivares geradas em conjunto com a Fundação Universidade do Tocantins (Unitins) que, além de atuação no ensino, realiza pesquisas no estado. Sobre a BRS Catiana, há duas publicações disponíveis para leitura e download: um comunicado técnico (acesse clicando aqui) e um folder (confira aqui).
Fonte: Agrolink
Fonte: Canal do Produtor