Estimulados pela boa perspectiva de preços e pela necessidade de elevar o nível tecnológico da produção, pecuaristas brasileiros deverão terminar 5 milhões de cabeças em confinamento em 2015, o que representa um acréscimo de 400 mil cabeças em relação ao ano passado, segundo projeção pré-Rally da Pecuária 2015 feita pela Agroconsult, organizadora do projeto em parceria com a Sociedade Rural Brasileira (SRB).
- A oferta total de animais abatidos no Brasil vai aumentar, mas ainda assim será inferior à demanda – afirma Maurício Palma Nogueira, coordenador do Rally.
A Agroconsult não divulgou a intenção de confinamento por Estado, mas o volume estimado para terminação nesse sistema, para o país, equivale a praticamente ao volume de bovinos abatidos anualmente em Mato Grosso, estado que detém o maior rebanho do país. Em 2014, conforme dados apurados pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), foram confinadas 11% menos que o volume contabilizado no ano anterior. Os pecuaristas destinaram 636,66 mil animais ao regime fechado de alimentação ante a 717,8 mil cabeças apuradas em 2013.
Nogueira explica que a oferta atual de animais para abate e, principalmente, nas categorias de reposição, está em níveis muito baixos.
- O comprador de bezerros e de bois magros fica receoso em investir, pois não sabe como o mercado do boi gordo se comportará nos próximos meses. Nosso objetivo é medir indicadores zootécnicos, especialmente os da cria, para estimar a oferta ao longo do ano e a quantidade de bezerros para o próximo ciclo – complementa.
Principal levantamento técnico das condições da bovinocultura nas regiões produtoras do país, o Rally da Pecuária começou a ir a campo no domingo com o objetivo de realizar uma avaliação completa, in loco, das áreas de cria, recria, engorda e confinamento. Seis equipes técnicas irão medir a quantidade de animais confinada em 2014, a intenção de confinamento para este ano, a oferta de animais de reposição, gado para abate e as condições das pastagens, fazendo amostras e avaliações aleatórias de mais de 500 pastos diferentes.
As equipes visitarão propriedades no Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Tocantins, Pará, Mato Grosso, Rondônia e Acre mapeando e fotografando pastagens, para obter informações como homogeneidade do pasto, volume de massa, população de plantas, altura do capim, presença de erosão, plantas invasoras, além de um histórico de utilização dessas pastagens relatado pelos pecuaristas.
– As áreas visitadas respondem por mais de 83% do rebanho bovino nacional e 90% da produção de carne – explica André Pessôa, sócio diretor da Agroconsult.
Em encontros agendados com cerca de 120 pecuaristas, técnicos do Rally conduzirão entrevistas para levantar, entre outros dados, áreas de pastagem e de agricultura em cada propriedade, total de cabeças de gado, estratégias nutricionais, confinamento, índices de fertilidade, natalidade e mortalidade, manejo sanitário e de pastagens e comercialização de animais.
No total, serão percorridos cerca de 60 mil quilômetros, com a realização de 13 encontros, sendo 7 eventos regionais para discussão de tendências de mercado, cenários e iniciativas para aumentar a rentabilidade na pecuária, e 5 eventos no formato do Circuito Rural, que acontecerão sempre entre 13h30 e 19h.
- Um dos principais desafios da pecuária moderna é a necessidade de produzir mais com menos. Esse conceito de sustentabilidade passa pela intensificação dos sistemas de produção – explica Gustavo Diniz Junqueira, presidente da Sociedade Rural Brasileira.
Durante os levantamentos do Rally será dada especial atenção a agricultores interessados no sistema de integração com pecuária.
Fonte: Diário de Cuiabá