A colheita do feijão das águas está na reta final no Paraná. A repórter Helen Martins esteve na região de Castro e mostra pra gente que a queda na produção está ajudando os agricultores a conseguir bons preços.
Tempo firme e as máquinas foram para o campo. Com alguns dias de sol, o feijão perdeu a umidade e ficou no ponto de colheita na região de Castro, de onde sai a maior parte do feijão do Paraná. Neste ano a área plantada em todo o estado foi 6,5% menor porque muitos agricultores apostaram na rentabilidade da soja.
Além disso, na região é possível encontrar várias lavouras com falhas. O que parece um açude no meio da plantação do feijão é, na verdade, o resultado do acúmulo da água da chuva que começou em outubro de 2015 e não parou até janeiro de 2016. A área encharcada também era parte da lavoura e ali sobrou poucas plantas de feijão.
Tudo bem que se trata do chamado "feijão das águas", mas não precisava exagerar. Albert, que tem 500 hectares de feijão, mostra como a umidade prejudicou o desenvolvimento da planta.
"Muita água fez com que as raízes não se desenvolvessem. Nós temos pouca raiz para buscar a água, busca o alimento. No encharcamento trouxe uma doença chamada Fusarium, que, se não mata, diminui em 50% a produtividade da planta afetada", conta o agricultor Albert Barkema.
Segundo o DERAL (Departamento de Economia Rural) da Secretaria de Agricultura do Paraná, a produtividade nesta primeira safra caiu. Na região, dos esperados 2,1 mil kg de feijão por hectare devem ser colhidos 1,9 mil kg por hectare.
Vera Silvestre é economista do DERAL e diz que as ofertas mais baixas já aumentou o preço em relação ao ano passado. "No ano passado nós tínhamos um preço em torno de R$ 160, neste ano nós já estamos com R$ 180 o preço médio e tivemos oferta de até R$ 220 da saca de feijão", informa Vera.
Em outra propriedade havia 68 hectares de feijão, mas já foi tudo colhido na época do Natal. Agora toda a área está plantada com soja para evitar os focos de doença do solo. O agricultor diz que, do feijão colhido, conseguiu a metade do esperado e agora aposta no preço para recuperar as perdas
"O preço hoje está muito bom no mercado. R$ 200, R$ 210 a saca é um preço bem atrativo, um preço bem acima da média dos últimos anos", conta o agricultor Cledson Benvenutti.
De janeiro a maio deve chegar a uma unidade de processamento na região de Castro, no Paraná, 15 mil toneladas do grão. Ela pertence à cooperativa Castrolanda. O feijão recém-chegado passa por uma classificação. "O feijão está com um pouco mais de defeito de germinado por causa dessa chuva que teve nos últimos tempos", diz o classificador Felipe Rodrigues.
Para ser de boa qualidade, o percentual de defeitos não pode passar dos 2%. No balcão de negócios amostras de vários produtores estão expostas aos compradores que chegam.
"Hoje pode-se dizer que é raridade encontrar um feijão de boa qualidade, um feijão extra, como a gente diz no mercado, está complicado", diz o comprador Marco Antonio Lesniewsky.
Mesmo sem vender o feijão colhido, o seu Cledson já planta a semente para a segunda safra do grão: mais 16 hectares. "Dificilmente os preços vão ser mantidos como estão hoje. Porque hoje os preços estão muito bons. Então, daqui a 100 dias, a oferta seja bem maior do que temos hoje e no preço a tendência é diminuir.
Ainda segundo o Deral, a estimativa de produção desta safra de feijão das águas no Paraná é de 325 mil toneladas, 3% a menos do que na safra passada.
Fonte: Globo Rural
Fonte: Canal do Produtor