A experiência brasileira na elaboração de políticas públicas para promoção da autonomia e da igualdade das mulheres do campo tem sido referência para países da América do Sul. De 25 a 30 de janeiro, representantes de governo e de organizações da agricultura familiar de sete países do Mercosul estarão em solo brasileiro para conhecer histórias de êxito de acesso a políticas públicas pelas mulheres rurais. O local escolhido para o encontro, promovido pela Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar do Mercosul (Reaf) com apoio do governo federal, é a região Oeste do Rio Grande do Norte, no nordeste brasileiro.
O intercâmbio faz parte do II Programa de Fortalecimento de Políticas Públicas de Gênero para a Agricultura Familiar, Campesina e Indígena para América Latina e Caribe, conduzido pela Reaf. O objetivo é contribuir na promoção e no fortalecimento de políticas de apoio a organização produtiva, assistência técnica para mulheres, transição e produção agroecológica e convivência com o semiárido nos países do Mercosul.
De acordo com a encarregada de gênero da secretaria técnica da Reaf, Caroline Molina, a região oeste do estado foi escolhida por ser um território emblemático no tema de luta por igualdade e organização das mulheres rurais e no acesso às políticas públicas específicas para elas.
“Além de conhecer as experiências de outras mulheres e poder levá-las para suas realidades, as participantes dos outros países também vão contar suas histórias, em rodas de conversa, por exemplo. Serão momentos de trocas”, explica.
O intercâmbio conta com o apoio da Diretoria de Política para as Mulheres Rurais e Quilombolas (DPMRQ) do Ministério do Desenvolvimento Agrário, que é o ponto focal do Grupo Temático (GT) de Gênero da Reaf no Brasil.
Para a coordenadora-geral de Organização Produtiva e Comercialização da DPMRQ/MDA, Michela Calaça, a iniciativa viabiliza a troca de ideias entre lideranças e governos – o que beneficia toda a sociedade. "Mulheres de diversos países poderão ver claramente, que quando o Estado faz a opção de ter políticas voltadas para as mulheres rurais, ele melhora a vida no campo e potencializa a produção de alimentos para todo o país".
Sustentabilidade na produção
No projeto de assentamento Monte Alegre I, em Upanema (RN), a mesma água que é utilizada em atividades domésticas é usada para cuidar da lavoura. A iniciativa garante água adequada para o cultivo agrícola no semiárido brasileiro, já que livra a água cinza – aquela que foi usada para enxaguar a roupa ou lavar a louça, por exemplo – de bactérias prejudiciais e conserva alguns nutrientes como fósforo e cálcio, adubando melhor a terra para a produção.
O projeto denominado 'Água Viva: Mulheres e o redesenho da vida no semiárido do Rio Grande do Norte', desenvolvido pelo Centro Feminista 08 de Março (CF8) em parceria com a Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa), é uma das experiências que serão conhecidas por representantes de governo e organizações da agricultura familiar durante o intercâmbio.
Para a engenheira agrônoma do CF8 e responsável pelo projeto, Ivi Aliana, o ‘Água Viva’ também ameniza o esforço das mulheres responsáveis por buscar água para abastecer o lar, contribui para o escoamento da produção e para o saneamento do quintal e garante mais segurança alimentar e renda para a família. “Quando as mulheres se sentem fortalecidas, se sentem capazes de criar, produzir e reinventar a vida”, finaliza.
Troca de experiências
Os intercâmbios fazem parte de uma estratégia do Programa Regional de Gênero da Reaf para reduzir as desigualdades de gênero no acesso, uso e controle de recursos na agricultura familiar e ampliação da participação das mulheres nos espaços de tomada de decisão.
Fonte: Ministério do Desenvolvimento Agrário
Fonte: Canal do Produtor