Os preços internos do algodão não param de subir no mercado brasileiro neste início de ano e voltaram a ficar acima da paridade de exportação. É o que informa nesta quarta-feira (20/1) o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). O indicador de referência medido pela instituição, com base em São Paulo, acumula alta de 11,25% até a terça-feira (19/1), fechando a R$ 2,4927 por libra-peso.
- O impulso vem da maior demanda. Compradores estão ativos no mercado, à procura de lotes para entregas rápidas, enquanto vendedores estão retraídos, atentos à paridade de exportação. Além disso, boa parte dos cotonicultores está cumprindo contratos antecipados, mantendo-se fora do mercado spot – dizem os pesquisadores, em nota.
Em Mato Grosso, maior produtor nacional, os preços reforçam o cenário de alta. Só na semana passada, a cotação média no estado teve uma alta de 4,28% chegando a R$ 70,96 por arroba. De acordo com oInstituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), as exportações aquecidas em dezembro e a expectativa de um mercado externo aquecido no curto e médio prazo sustentaram os valores da pluma.
Um movimento contrário ao visto na Bolsa de Nova York na semana passada. Os principais contratos tiveram queda, o que, na avaliação do Imea, indica que o mais recente relatório de oferta e demanda divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) pouco influenciou o posicionamento dos investidores.
O USDA revisou para baixo a estimativa de produção mundial de 103,71 milhões para 101,56 milhões de fardos de 480 libras, acentuando ainda mais a queda em relação à safra 2014/2015, calculada em 119,15 milhões de fardos. Os estoques finais da safra, em nível global, foram caldulados em 102,86 milhões de fardos, número também revisado para baixo em relação ao relatório de 104,39 milhões de fardos de 480 libras.
- Contudo, ele (o relatório) foi interessante ao Brasil. Devido aos problemas verificados na última safra do Paquistão, espera-se que a importação de pluma pelo país suba de maneira acentuada, devido à sua alta necessidade. E os olhos do terceiro maior consumidor do mundo já se voltam ao Brasil, pois este tem disponibilizado cargas a preços muito competitivos, devido à desvalorização de sua moeda – diz o Imea.
Considerando só as exportações do algodão produzido no estado, o ano passado foi o segundo melhor da história de Mato Grosso. As 491,2 mil toneladas representaram um crescimento de 17,8% em relação a 2014 e ficou atrás apenas de 2012, chamado pelo Imea de ano da China.
- O grande vetor desses embarques foi a valorização cambial. Isso fica claro quando se observa que, mesmo com elevação de 17,8% nos embarques, em 2015 a receita total em dólar subiu 1% em relação a 2014, ratificando a competitividade internacional da pluma de MT – ressaltam os técnicos do instituto, em boletim divulgado nesta semana.
Fonte: Globo Rural