O valor médio do café brasileiro registrou queda de 8,2% no ano passado, o que mostra mudança na perspectiva observada entre 2013 e 2014. Com excesso de oferta, o movimento de redução nos preços internacionais se estende a outros grãos, como a soja. De acordo com o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé), as exportações da commodity registraram aumento de 1,3% no ano passado. Foram 468 mil sacas a mais, para 36,8 milhões sobre 2014. No entanto, a receita arrecadada marcou déficit na comparação do biênio. Trata-se de U$ 6,13 bilhões em 2015 ante os U$ 6,59 bilhões do ano anterior.
Para o presidente do conselho do CeCafé, Nelson Ferreira da Silva Carvalhaes, a diminuição do preço médio, de US$ 181,12 para US$ 166,32 por saca em 2015, se deve ao movimento no mercado internacional. Os preços das commodities cederam muito. No café também, mas não tanto quanto nas demais , analisa o executivo.
A percepção de que os preços não acompanharam a produção é visível, a exemplo da comparação com 2011. Foram 33,8 milhões de sacas, com receita de U$ 8,7 bilhões naquele ano. A diferença é justamente no preço médio, de US$ 259,53 por saca.
Para o analista da Consultoria Safras & Mercado, Gil Barabach, o câmbio favorável estimulou os produtores a expandir a exportação. Com isso, demais países que fornecem a commodity, como Vietnã e Colômbia, também aumentaram a oferta, o que levou a desvalorização.
São três moedas fracas sobre o dólar. As três foram desvalorizadas e receberam mais nas suas moedas locais por conta da valorização do dólar, o que aumentou a disponibilidade do produto e derrubou o preço , diz Barabach.
O café Arábica, que representa 79% das exportações brasileiras, marcou queda de 1,1% na venda para o mercado externo, para 29,1 milhões de sacas – 328 mil a menos do que em 2014. Por outro lado, o conilon manteve o bom desempenho de anos anteriores, com incremento de 21%, para 4,16 milhões de sacas. O café industrializado também registrou desempenho positivo. Foram 3,56 milhões de sacas, alta de 2,3% em 2015.
Perspectiva
Na avaliação do CeCafé, a expectativa para as exportações em 2016 é positiva. Se for uma boa safra, vamos trabalhar para que ao menos o número de 2015 se repita. Nós temos todos os instrumentos para fazer isso, mas depende dessa nova safra que, tudo indica, será boa , analisa Carvalhaes.
A não ser que surjam questões para afetar a produção, como o excesso de chuvas ou mesmo seca, os preços mundiais serão mantidos – o que contribuí para o bom desempenho nacional. A tendência é boa para quem compra e razoável para quem está vendendo. A manutenção desses preços seria salutar para o mercado , acrescenta o diretor.
De acordo com Barabach, a moeda americana deve se manter em patamar elevado sobre o real, e, assim, estimular as exportações. Devemos ter aumento até o final do ano, mas menos do que em 2015. O dólar firme contribuí para a exportação, já que o câmbio é favorável. Os números indicam que a safra brasileira será maior do que no último ano, e, nessa linha, deve-se manter o volume de exportação , diz.
Seguindo a tendência mundial das commodities, os principais produtos agrícolas brasileiros exportados, como a soja, tiveram queda no preço médio. O fato levou à redução do superávit da balança, que em 2015 foi US$ 75,15 bilhões, inferior aos US$ 80,13 bilhões no ano anterior.
Entretanto, a exemplo do café, a compensação ocorreu por conta da oferta de produtos no mercado e valorização do câmbio. Em tempos difíceis do cenário econômico mundial, com a queda generalizada de preços, estamos muito bem, com a venda de volumes recordes ao longo de 2015 , contou a secretária de Relações Internacionais do Agronegócio do Ministério da Agricultura, Tatiana Palermo, em nota divulgada na última semana.
A depreciação do real suavizou a queda nos preços. A taxa de câmbio aumentou 45% desde o início do ano. Essa alta amenizou a queda nos preços das principais commodities agrícolas , destacou Tatiana.
Ainda segundo informações divulgadas pela pasta, as exportações somaram R$ 299 bilhões em 2015, alta de 30,8% em relação ao ano anterior.
Insumos
Apesar do incentivo para exportações, a elevação do câmbio também afeta os produtores na compra de insumos, já que muitos são importados de países como o próprio Estados Unidos. No entanto, esse impacto é considerado baixo se comparado a receita total das vendas de produtos agrícolas para o mercado internacional. Dos US$ 6,1 bilhões em 2015, os fertilizantes representam cerca de US$ 84 milhões.
No café, de modo geral, não há tanta importação de fertilizantes a ponto de diminuir essa venda por conta do câmbio , analisa Carvalhaes.
Fonte: DCI
Fonte: Canal do Produtor