Às vésperas de iniciar o Rally da Safra, expedição que irá percorrer as principais regiões brasileiras produtoras de grãos, a Agroconsult divulgou nesta terça-feira (19/1) mais uma estimativa de colheita de soja e de milho.
A projeção da Agroconsult para a produção de milho de segunda safra, que está na fase inicial de plantio, é de colheita de 57,7 milhões de toneladas, volume 6% acima do colhido na safra passada (54,6 milhões de toneladas). A perspectiva é de aumento de 9% da área para 10,5 milhões de hectares.
A produção de milho de verão é estimada em 27,9 milhões de toneladas, em queda de 7% em relação as 30,1 milhões de toneladas produzidas na safra passada. A área de milho de verão encolheu 8% para 5,7 milhões de hectares.
No caso da soja a consultoria elevou sua projeção para 99,2 milhões de toneladas, acima das 99 milhões estimadas no mês passado, e 2% superior as 97,2 milhões de toneladas colhidas na temporada 2014/2015. A área plantada aumentou 3% para 32,9 milhões de hectares.
André Pessôa, coordenador do Rally da Safra e sócio diretor da Agroconsult, explica que na estimativa atual a área de soja foi reduzida em 200 mil hectares, pois devido ao atraso no plantio os produtores decidiram semear o milho. Ele acredita a produção de soja deve beirar as 100 milhões de toneladas, apesar dos problemas climáticos.
Segundo Pessôa, as perdas de produtividade da soja devem ser mais acentuadas na região do médio norte de Mato Grosso, onde as variedades precoces sofreram com a falta de chuvas. Ele observa que normalmente na região são colhidas em média 55 sacas por hectare e, nesta safra, vários produtores irão colher de 20 a 30 sacas.
Apenas na região sul de Mato Grosso as condições das lavouras estão iguais ou melhores que no passado, apesar das chuvas irregulares. No oeste a condição é ruim por causa da falta de chuvas e no leste o plantio atrasou de 20 a 30 dias.
Como choveu depois, no leste ainda recuperar a produtividade. No geral, diz ele, Mato Grosso é o viés de baixa das previsões de safra, pois uma saca de soja menos na produtividade representa uma perda de 500 mil toneladas na produção estadual.
Na região do Matopiba (confluência do Maranhão com Tocantins, Piauí e Baia) a situação também é preocupante, por causa do atraso no plantio, provocado pela falta de chuvas. Pessoâ diz que ainda é cedo para prever as possíveis quebras de produtividade na região, pois vai depender do clima nos próximos meses.
O analista diz que os produtores devem apostar no milho safrinha, aproveitando os bons preços, mesmo com plantio após o período ideal, indo até 20 de março. Ele diz que neste mês houve aumento na demanda por fertilizantes e sementes de milho, indicando a perspectiva de plantio de uma safra recorde.
Ele alerta que mesmo com a expectativa de colheita de uma safra total de 84,7 milhões de toneladas de milho, os consumidores brasileiros devem recorrer a importação de milho no segundo semestre, por causa das exportações recordes estimadas em 35 milhões de toneladas.
Pessôa explica que a explosão das vendas externas se deve em grande parte a redução do custo do frete em dólar, que antes representava 50% do preço do cereal posto no porto, e agora representa a metade. Ele avalia que o Brasil importará milho dos Estados Unidos e Argentina, ou os exportadores farão “washout” (cancelamento das vendas) para revender o cereal no mercado interno.
Fonte: Revista Globo Rural