Mesmo com um canavial mais envelhecido e abatido pelas chuvas de verão, a possibilidade de melhor aproveitamento do tempo, somada à redução do impacto do El Niño, leva a safra 2016/2017 a um potencial produtivo estimado entre 610 e 630 milhões de toneladas no centro-sul.
No ciclo de 2015/2016, a produção canavieira da região foi registrada em 605 milhões de toneladas. "O El Niño deixa de acontecer em agosto de 2016, o que sinaliza que vamos ter uma curva de ATR mais aproveitável no segundo semestre, diferentemente do que aconteceu neste ano, com possibilidade de moagem mais adequada", explica o presidente da consultoria Datagro, Plínio Nastari.
Neste ano, 45 usinas entraram janeiro em atividade moageira, em plena entressafra. Segundo Nastari, 8,73 milhões de toneladas devem ser processadas no mês. Outras 3,08 milhões de toneladas estão previstas para fevereiro e mais 1,94 milhão em março. Além disso, pelo menos três unidades fabris devem emendar os trabalhos das duas safras agrícolas.
Este cenário se deu tanto pela perda de dias de trabalho, quanto pela diminuição do rendimento da cana, que teve as lavouras afetadas pelo excesso de chuvas. A safra 2015/ 2016 foi marcada por 49,5 dias perdidos, contra 41,7 da temporada anterior. No ciclo de 2012/ 2013, este número não ultrapassava 39,2 dias.
Com relação ao rendimento, o balanço aponta que na safra de 2014/2015 eram necessários 56,73% de cana-de-açúcar para a produção de etanol. Na última safra, este percentual subiu para 58,89%. No mesmo período, os níveis de ATR passaram, respectivamente, de 77,18 milhões de toneladas, para 76,72 milhões.
Açúcar e álcool
Na próxima temporada, a produção de etanol deve ficar entre 28 bilhões de litros e 28,6 bilhões. Na última safra, a soma dos biocombustíveis anidro e hidratado totalizou 27,79 bilhões de litros.
O aumento nos preços dos combustíveis e o retorno de parte da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina colaboraram para que o etanol conquistasse um pouco mais de espaço e atingisse um patamar mais competitivo durante o ano. De olho nesta oportunidade, as unidades fabris têm destinado mais matéria prima para a produção do biocombustível da cana.
Para o açúcar, a expectativa é que sejam produzidos de 33,5 milhões de toneladas a 34,5 milhões, diante das 30,7 milhões de toneladas obtidas na última temporada.
Apesar de uma desaceleração no consumo do biocombustível hidratado, com base na estimativa de queda de 3% para o chamado ciclo Otto entre os meses de dezembro de 2015 e abril de 2016, em relação ao mesmo período do ano anterior, os fundamentos do mercado levam à possibilidade de uma safra mais alcooleira.
"O Brasil teve uma exportação menor de açúcar como fruto desse mix que tem sido mais alcooleiro. Isso resultou em uma disponibilidade menor do grão para exportação e contribuiu para um ligeiro déficit nos estoques mundiais de açúcar", enfatiza Nastari.
Atualmente, o déficit açucareiro global é projetado pela consultoria em 3,87 milhões de toneladas. Com isso, a relação entre estoque e consumo vai para 45,4%, quando o ideal é estar entre 41% e 42% para que o produto ganhe mais competitividade nos preços.
"A China vai continuar sendo o grande destino de exportação do açúcar. Os acontecimentos desta semana são importantes, mas o consumo de alimentos tem se mantido."
Fonte: DCI
Fonte: Canal do Produtor