Em meio a rótulos portugueses, espanhóis, italianos e chilenos, o azeite de oliva produzido no Rio Grande do Sul começa a galgar espaço no mercado brasileiro — sem receio de competir com a reconhecida qualidade internacional. Símbolo da dieta mediterrânea no mundo, o extra virgem consumido no Brasil já não é 100% oriundo de países onde o cultivo de oliveiras é milenar.
Embora ainda tímidas nas prateleiras, representando cerca de 2% da oferta, as marcas gaúchas são resultado de um salto de 20 vezes na área plantada no Estado em uma década. Em 2006, havia pouco mais de 80 hectares de oliveiras, fruto de iniciativas de produtores da Região Central. Neste ano, conforme a Emater, a área passou para 1,6 mil hectares, na região da Campanha, Fronteira Oeste e Serra do Sudeste.
— Só não chegamos a 2 mil hectares porque as condições climáticas não ajudaram — destaca o agrônomo Tailor Luz Garcia, assistente técnico regional da Emater em Bagé.
Seis indústrias gaúchas de extração de óleo extra virgem planejam investimentos para ampliar a oferta de azeitonas e, consequentemente, de produto no mercado. No setor de olivicultura há três anos, a Tecnoplanta tem 200 hectares cultivados em Barra do Ribeiro, São Sepé e Caçapava do Sul, onde é feita a industrialização das azeitonas.
No ano passado, a indústria processou 120 mil quilos da fruta, que resultaram na produção de 12 mil litros de azeite. Neste ano, com a redução no volume colhido por causa do excesso de chuva, a produção não passou de 2,5 mil litros de óleo, aumentando a ociosidade da indústria.
Até 2017, a empresa espera contar com a produção de novas oliveiras, que demoram de três a quatro anos para render os primeiros frutos. No mesmo ano, deve ser executado o projeto de nova unidade de extração de azeite, em Barra do Ribeiro ou Sentinela do Sul, cidades mais próximas da Região Metropolitana.
— A demanda é crescente. Temos consumidores interessados em outros Estados, mas não há volume suficiente. O mercado gaúcho acaba absorvendo toda a produção — conta Osmar Paulo Pereira da Rosa, diretor técnico da Tecnoplanta, maior fornecedora de mudas de oliveiras do país.
Hoje, a indústria de azeite recebe 50% da matéria-prima de propriedades locais, que entregam a produção em troca do produto engarrafado ou de mudas da planta.
— Se existiam dúvidas, as oliveiras repletas de frutos e a qualidade dos nossos azeites trouxeram certezas — resume o diretor técnico da empresa, que começou a fazer ensaios com cultivos de variedades de mesa, normalmente consumidas em conserva.
Fonte: Zero Hora