O ano de 2016 pode ser um divisor de águas para o agronegócio da Argentina. Na próxima quinta-feira (10), o presidente recém-eleito do país, Mauricio Macri, assume o cargo com a promessa de eliminar entraves para as exportações agrícolas, fortalecer as relações comerciais e, com isso, gerar ganhos para o setor agro nacional. Com uma economia mais aberta, o país vizinho irá estimular maior competitividade no agronegócio sul-americano.
O setor agropecuário da Argentina trava conflitos há anos com a atual presidente, Cristina Kirchner, devido a sua política intervencionista, que inclui impostos e restrições às exportações de grãos. Chamadas de “retenções”, atualmente o país taxa as exportações de milho (20%), trigo (23%), farelo e óleo de soja (32%). No caso da soja, o único que não deverá ter eliminação imediata do imposto, o índice é de 35% e a promessa de Macri é reduzir esse valor em 5% ao ano.
- Macri foi claro e enfático em seu plano para a agricultura: eliminar impostos de exportação para todos os produtos, exceto a soja – afirma o analista da Bolsa de Comércio de Rosário, Guillermo Rossi.
Ainda segundo o analista, o impacto das medidas será favorável para a produção no campo, mais rentabilidade para o produtor e novos investimentos para Buenos Aires.
- O milho, por exemplo, deverá se recuperar fortemente e gerar uma produção muito volumosa de grãos – ressalta Rossi.
Para o diretor executivo da Associação Brasileira de Agronegócio (Abag), Luiz Cornacchioni, os compromissos assumidos em campanha por Macri irão ajudar o Brasil e o bloco sul-americano na busca por acordos comerciais. Porém, no futuro próximo, as exportações argentinas poderão concorrer por fatias do mercado internacional diretamente com os produtos brasileiros.
- Por um lado, a Argentina irá ajudar com novos negócios internacionais. Por outro, o país tem uma boa produção de grãos e uma infraestrutura logística superior à nossa. Isso acirra a corrida pela competitividade de produção na América Latina – analisa Cornacchioni.
De acordo com o dirigente, o novo cenário força o Brasil a se mexer para não ficar atrás no desenvolvimento do agronegócio.
- Precisamos melhorar nossa capacidade de escoamento da produção, com infraestrutura e logística adequadas, políticas de crédito e seguro para produtores e a prospecção de acordos com os países desenvolvidos – ressalta.
Fonte: Gazeta do Povo