eucalipto soja

SOJA E EUCALIPTO NA RECUPERAÇÃO DE PASTAGENS

A principal mensagem do dia de campo sobre sistema Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), realizado na Fazenda Cristalina, em São Domingos do Araguaia, região metropolitana de Marabá fala sobre os sistemas integrados de produção para obter rendimento.

No evento, que reuniu aproximadamente 50 pessoas, foi apresentado um plantio de soja e eucalipto que compõe um dos experimentos na Amazônia do Projeto Biomas, iniciativa que tem o objetivo de plantar árvores para recuperar, proteger e promover o uso sustentável de propriedades rurais, além de validar e aprimorar o Código Florestal Brasileiro.

A soja foi plantada em dezembro do ano passado e agora está no ponto de colheita. Ela faz parte de um experimento de iLPF implantado numa área de 3,5 hectares de pastagens degradadas. O sistema é formado por faixas de lavoura de 25 metros entremeados por linhas de eucaliptos. Antes da soja, a área recebeu cultivo de milho no ano passado.

De acordo com o pesquisador Roni de Azevedo, da Embrapa Amazônia Oriental, a estimativa é de que a colheita da soja atinja de 45 a 50 sacas por hectare.

- Considerando o preço do grão no mercado e os custos do plantio em torno de 1.800 reais por hectare, o experimento mostra que é possível obter cerca de 900 reais por hectare de rendimento líquido – avaliou o pesquisador. 

Ele ressaltou ainda que a produtividade poderia ser maior, se a adubação fosse mais intensiva, mas o objetivo era avaliar a resposta daquele solo a um investimento menor. A pecuária extensiva domina a paisagem rural da região e há incidência de pastagens degradadas. E o experimento demonstra que o iLPF é uma alternativa para recuperar a pastagem com o plantio de grãos.

- A melhoria da qualidade do solo pode ir se pagando aos poucos – concluiu o pesquisador. 

Colhida a soja, será avaliada a possibilidade de cultivar feijão-caupi ou milho para silagem ainda neste período de chuvas.

- A rotação de culturas é importante porque melhora a qualidade do solo, contribui para a ciclagem de nutrientes e diminui a incidência de pragas e ervas daninhas – explicou Azevedo. 

Para 2016, outro cultivo de milho será colhido e cederá espaço para o capim, o gado e o eucalipto, até que este último alcance seu ponto de corte. A madeira de eucalipto é uma alternativa para a fabricação de carvão, uma demanda do setor siderúrgico da região.

Expansão

A ideia de recuperar a pastagem com a produção de grãos vem ganhando adeptos entre alguns pecuaristas da região. Presente no dia de campo, o produtor rural Ederli da Silva colheu a primeira safra de milho a cerca de um mês. Depois de décadas dedicado somente à pecuária, no último ano ele resolveu plantar 30 hectares de milho sobre as pastagens degradadas.

– Escolhi o pior pasto que tinha – disse. Ele pretende ainda cultivar milho por um segundo ano antes de retornar a pastagem ao local e partir para a recuperação de outra área degradada.

Sobre o cultivo de soja e árvores, Ederli se disse cauteloso diante do conhecimento técnico que essas atividades exigem. Mas afirmou que há vizinhos aderindo a sistemas de pastagens com paricá, espécie florestal nativa da Amazônia.

O movimento dos pecuaristas em direção à agricultura é pequeno mas vem crescendo na região. O gerente de uma empresa de produtos agropecuários, Wender Partata, afirma que há dois anos a venda de sementes de milho na região era quase zero, mas neste ano já foram comercializados mais de mil sacos.

- Os pecuaristas sabem que não é mais possível derrubar a floresta para abrir pastagens e o plantio de grãos é uma alternativa para recuperar os pastos – afirmou.

Sobre o Projeto Biomas

O Projeto Biomas, iniciado em 2010, é fruto de uma parceria entre a CNA e a Embrapa, com a participação de mais de trezentos pesquisadores e professores de diferentes instituições. É uma iniciativa inédita no Brasil e tem como objetivo viabilizar soluções com árvores para a proteção, recuperação e o uso sustentável de propriedades rurais nos diferentes biomas brasileiros.  Para isto, a pesquisa avalia o uso da árvore, seja em Áreas de Preservação Permanente – APP, Área de Reserva Legal – ARL, ou mesmo em Áreas de Sistemas Produtivos – ASP, nos seis biomas brasileiros, resultados que poderão contribuir para o aprimoramento da legislação ambiental brasileira. O Projeto Biomas tem o apoio do SEBRAE, Monsanto e John Deere.

Fonte: Canal do Produtor



avatar

Envie suas sugestões de reportagens, fotos e vídeos de sua região. Aqui o produtor faz parte da notícia e sua experiência prática é compartilhada.


Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.