E é justamente para reduzir custos e aumentar a competitividade de seus produtos que os agricultores da região resolveram acompanhar de perto as obras de infraestrutura prometidas há anos pelo governo federal para o Nordeste.
As obras consideradas prioritárias pelos produtores do oeste baiano são a Ferrovia de Integração Oeste Leste (Fiol); o Porto Sul, em Ilhéus; a Ferrovia Transnordestina; a Hidrovia do São Francisco; e as BRs 242, 020 e 135.
Há duas semanas, o presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Julio Cézar Busato, participou de uma reunião com o diretor geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Valter Casimiro Silveira, e o presidente da Câmara Temática de Infraestrutura e Logística do Ministério da Agricultura (Mapa), Edeon Vaz Ferreira, para tratar do assunto.
Busato foi a Brasília representando o Instituto Pensar Agro (IPA), que reúne 38 associações de produtores de todo o Brasil, cuja sede serviu de local do encontro. Ele é coordenador de logística e transporte da entidade. “Quis saber em que pé estão as obras e o que a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) pode fazer para ajudar”, resume.
A razão para o atraso nas obras, de acordo com o Dnit, foi o corte de dois terços do orçamento mensal do órgão.
- Foi necessário reduzir o volume de execução dos contratos de construção em 45%, e de manutenção em 35%, a fim de adequá-los aos cortes orçamentários e evitar a paralisação de obras – disse o diretor geral do Dnit, por meio de nota.
A reunião em Brasília gerou o compromisso de encontros mensais entre Mapa, Dnit e IPA. O objetivo é acompanhar o andamento dessas obras e ir atualizando a Frente Parlamentar sobre a situação, para que possa auxiliar esses projetos.
O governo do estado também se comprometeu a pressionar Brasília pelo andamento da Fiol. A ferrovia, pelo planejamento original, já deveria estar pronta há dois anos.
- Estamos torcendo para que a economia do país melhore e as obras andem – diz Julio Busato.
Competitividade
O presidente da Aiba explica que, como a região não usa ferrovias e hidrovias para o transporte da produção, essas obras não fazem falta para a logística do agronegócio da região. Mas, se estivessem concluídas, representariam uma economia significativa para os produtores no escoamento das nove milhões de toneladas de fibras e grãos e um aumento da competitividade frente a outros mercados.
- Somos teimosos e podemos aguentar eternamente. Já estivemos pior, afinal a região é nova. Só que outros países, mesmo os da África, estão melhorando suas logísticas. Estamos ficando para trás. Essa é a preocupação. É uma competição desleal – afirma.
Ele também ressalta a importância dessas obras, em especial da Fiol, para o progresso da região, já que têm potencial para atrair a indústria e o comércio.
- Ao contrário do que as pessoas pensam, o oeste da Bahia é pobre. Há bolsões de riqueza, sim. Mas há outros municípios que são extremamente pobres – afirmou.
O gasto com logística de um produtor do oeste baiano é quase quatro vezes maior que o de um norte-americano, compara Busato.
O impacto das obras no oeste
Fiol – A ferrovia, lançada em 2010, prometia transformar a Bahia em um novo corredor ferroviário de exportação. Segundo a Aiba apenas 12% dela está concluída. A Fiol diminuiria o custo com o transporte da produção e impulsionaria a indústria e o comércio na região
Porto Sul – Parceria Público-Privada (PPP), serviria para escoar grãos, algodão e fertilizantes, que chegariam pela Fiol. Busato estima que traria uma economia de 40% no transporte de algodão. A última projeção era de que ficasse pronto depois de 2014, mas, por enquanto, só tem a licença ambiental
Transnordestina – Lançada em 2006, a ferrovia que liga Piauí, Ceará e Pernambuco deve ficar pronta só depois de 2017. A expectativa é de que gere uma economia no envio de milho, caroço de algodão e soja para o Nordeste, principalmente para Ceará e Pernambuco
Hidrovia do São Francisco – Se ela estivesse em funcionamento, proporcionaria uma economia de 30% no transporte dos grãos da região. Atualmente, está sendo feito o estudo de viabilidade técnica e econômica (EVTE)
Fonte: Cenário MT