Uma das poucas certezas sobre a decisão do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de aceitar o pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff é a de que ela trará mais volatilidade ao mercado financeiro. Segundo analistas, o aval dado à representação dos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior é um ingrediente adicional de dúvida no já nebuluso horizonte político — e que deve motivar a cautela de agentes financeiros nos mercados de câmbio e de ações já nos próximos dias.
- No curto prazo, já devemos ver oscilações na Bovespa e no dólar, que são mercados mais sensívels a mudanças políticas do cotidiano. A bolsa talvez surpreenda, pois já acumula sucessivas quedas. Mas o fato é que teremos muita oscilação – afirma Antônio Corrêa Lacerda, professor da PUC-SP.
Segundo ele, a notícia não piora a percepção sobre o Brasil pelas agências de risco, porque o rebaixamento já está dado como certo pela deterioração fiscal. Da mesma forma, ele não vê impactos para o investimento, variável de longo prazo, e para a confiança, que já atinge níveis recordes devido ao cenário de recessão econômica.
Para Alexandre Espírito Santo, economista da Órama, o avanço no processo de impeachment trará ainda mais desconforto ao governo.
- Em vez de se concentrar em levar a cabo o ajuste fiscal — que foi inviabilizado este ano — o governo se preocupará em brigar para que o impeachment não prospere em 2016″, avalia. Ele prevê retrações de 3,6% este ano e de 2,1% no ano que vem. Se olharmos para o começo de novembro, quando o cenário político havia dado uma acalmada, a situação piorou – reforça.
Em coletiva, a presidente Dilma Rousseff afirmou nesta noite que recebeu com “indignação” a decisão de Cunha.
- Não existe nenhum ato ilícito praticado por mim. Não paira contra mim nenhuma suspeita de desvio de dinheiro público, não possuo conta no exterior, nem ocultei do conhecimento público a existência de bens pessoais – disse Dilma.
Fonte: Veja.com