Os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) iniciaram a sessão desta quarta-feira (2) do lado positivo da tabela. Por volta das 8h03 (horário de Brasília), as principais posições da oleaginosa exibiam altas entre 1,75 e 2,25 pontos. O vencimento janeiro/16 era cotado a US$ 8,91 por bushel, depois de encerrar o dia anterior a US$ 8,89 por bushel.
As cotações da commodity tentam consolidar o 3º dia consecutivo de ganhos no mercado internacional. O mercado encontrou suporte no aumento da produção de biocombustível para mistura no diesel, segundo as novas exigências da EPA (Agência de Proteção Ambiental). Além disso, outro fator que também contribui para o suporte nos preços, conforme explicam os analistas, é a retenção das vendas por parte dos produtores americanos.
Do lado fundamental, ainda há especulações sobre o clima no Brasil e os efeitos nas lavouras. Até o último dia 27 de novembro, pouco mais de 79% da área projetada para essa temporada havia sido plantada, de acordo com levantamento da França Jr. Consultoria. Além do atraso em relação ao ano anterior, quando cerca de 88% da área já havia sido semeada, há relatos de replantio em muitas localidades, principalmente no Mato Grosso devido ao clima irregular. Em contrapartida, no Sul do Brasil, a preocupação dos agricultores é em relação ao excesso de chuvas.
Enquanto isso, na Argentina há dúvidas sobre a retirada das taxas de exportação para a soja. Com eleição do novo presidente, Maurício Macri, o mercado apostava que a medida poderia ser adotada já a partir de dezembro.
Veja como fechou o mercado nesta terça-feira:
Soja: Mercado fecha em alta pelo 2º dia consecutivo na CBOT e se aproxima dos US$ 9,00/bu
Na Bolsa de Chicago (CBOT), as cotações futuras da soja fecharam o pregão desta terça-feira (1) em campo positivo e consolidaram o 2º dia consecutivo de alta. As principais posições da oleaginosa encerraram o dia com ganhos entre 8,00 e 8,25 pontos. O vencimento janeiro/16 era cotado a US$ 8,89 por bushel, já o contrato julho/16 recuperou o patamar de US$ 9,00 por bushel e finalizou a sessão a US$ 9,03 por bushel.
De acordo com o analista de mercado da Agrinvest, Marcos Araújo, os preços da oleaginosa encontraram suporte no anúncio da Agência de Proteção Ambiental (EPA), que definiu um novo mandato de combustíveis renováveis no país para 2016. "Tivemos um mandatário de 18,11 bilhões de galões, dos quais, 2 milhões de biodiesel e o restante de etanol e biomassa, fator que acabou dando sustentação aos preços das commodities agrícolas", afirma.
Além disso, outro fator positivo às cotações é a ausência dos produtores americanos nas vendas. "No caso da soja, as vendas nos EUA estão 17% abaixo do registrado no mesmo período do ano anterior", ressalta Araújo. Conforme dados oficiais do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), as vendas de soja totalizam 32.601,8 milhões de toneladas na temporada.
Por outro lado, as atenções dos investidores estão voltadas às informações na América do Sul. Para a Argentina, os rumores giram em torno da retirada da tarifa de exportação para a soja. O que já poderia acontecer a partir de dezembro, com a posse do novo presidente eleito no país, Maurício Macri.
"Contudo, sabemos que a situação financeira na Argentina não é boa e o mercado coloca em dúvida se o novo presidente poderá abrir mão dessa importante receita. Ao todo, os agricultores têm entre 12 milhões a 13 milhões de toneladas de soja disponível, mas não deve entrar tão forte no mercado. Caso isso aconteça, reduziria a competitividade com o grão no Brasil e nos EUA, o que geraria mais folga nos estoques americanos e, consequentemente, uma pressão nos preços em Chicago", destaca o analista.
Enquanto isso, no Brasil a semeadura da soja alcançou 79% da área esperada para essa temporada até o último dia 27 de novembro. Porém, o percentual ainda está abaixo do registrado no mesmo período do ano anterior, de 88% e da média dos últimos cinco anos, de 86%. As informações fazem parte do levantamento realizado pela França Jr. Consultoria.
O atraso visto nos trabalhos nos campos é decorrente do clima que permanece bastante irregular para essa temporada. Por enquanto, o Piauí é o estado com menor área semeada, com cerca de 10% da área plantada. Já no Mato Grosso, em torno de 95% da área projetada foi semeada até o momento, contra a média dos últimos cinco anos, de 98%.
Clima no Brasil
Segundo informações do agrometeorologista da Somar Meteorologia, Marco Antônio dos Santos, ao longo dessa semana, as chuvas deverão permanecer irregulares sobre o Mato Grosso, norte do Mato Gross do Sul, Goiás, norte de Minas Gerais e em quase todas as regiões produtoras do Matopiba e Pará. “Esse padrão meteorológico irá agravar ainda mais as condições das lavouras, principalmente de soja, que já sentem os efeitos negativos dessa irregularidade no regime de chuvas. As perdas de produtividade só aumentam a cada dia”, diz o especialista.
Em contrapartida, as chuvas continuam no Sul do Brasil. Durante os próximos dias, as lavouras poderão ser afetadas pelas precipitações expressivas no norte do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. “Teremos excesso de umidade e baixas taxas de luminosidade, ou seja, as condições meteorológicas continuarão favoráveis ao desenvolvimento de doenças e atrapalhar as aplicações de defensivos”, completa Santos.
Para o mês de dezembro, as previsões indicam uma continuidade no padrão meteorológico. As chuvas ficarão mais concentradas no Sul do país, com volumes acima da média, incluindo São Paulo e o sul de Mato Grosso do Sul. Já nas demais regiões do Brasil, as precipitações ainda acontecerão de forma irregular, com volumes abaixo da média histórica.
Mercado interno
Apesar da queda registrada no dólar, as cotações da soja nos portos brasileiros subiram, com influência dos ganhos registrados em Chicago. Em Paranaguá, o preço da saca disponível registrou alta de 1,25%, cotada a R$ 81,00, já a cotação da saca para entrega futura ficou em R$ 77,50 e ganho de 1,97%. No terminal de Rio Grande, a valorização foi de 1,25%, com a saca disponível negociada a R$ 81,00. Para a cotação futura não houve referência.
Por sua vez, a moeda norte-americana fechou o dia a R$ 3,8549 na venda, com recuo de 0,81%. Na máxima do pregão, o câmbio tocou o patamar de R$ 3,8346. Segundo dados da agência Reuters, o dólar acabou acompanhando outros mercados de câmbio depois dos números mistos da economia norte-americana ocasionar dúvidas sobre a possibilidade do aumento da taxa de juros no país.
Diante desse cenário, o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, sinaliza que os produtores que já negociaram parte da safra não devem se precipitar. "Há muita instabilidade na política, as cotações ainda têm espaço para melhorar. Então, os produtores devem cuidar das lavouras e garantir a produtividade. Por outro lado, quem não negociou nada, poderemos ter algumas oportunidades de fechamento nos próximos dias", acredita.
Exportações
Já as exportações da soja ficaram em 1,442 milhão de toneladas no mês de novembro. A média diária ficou em 72,14 mil toneladas do grão, conforme dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) reportados nesta terça-feira (1). Em relação ao mesmo período do ano anterior, o volume diário representa uma alta de 717,3%, já que em novembro de 2014, o número ficou em 8,8 mil toneladas.
Fonte: Notícias Agrícolas
Fonte: Canal do Produtor