O atual ciclo de alta na pecuária deve permanecer forte no próximo ano, segundo analistas e pesquisadores da cadeira produtiva da carne. O tema foi debatido no Encontro de Analistas da Scot Consultoria, realizado sexta-feira (27), em São Paulo.
De acordo com Alcides Torres, da Scot Consultoria, mesmo com atual cenário econômico desfavorável, a atividade ainda terá margens confortáveis no próximo ano. “Não devemos ter grandes alterações e o preço do boi deve se manter acima da inflação. O consumo interno recuou, mas o fechamento de frigoríficos ociosos ajustou a relação oferta e demanda, trazendo maior eficiência à pecuária”, destaca.
Outro fator que deve contribuir para esse cenário, segundo Torres, é a mudança do perfil do consumidor, que passou a absorver mais cortes dianteiros. “Em um levantamento feito por nós pudemos comprovar que os clientes passaram a comprar cortes mais baratos, mais isso não derrubou a lucratividade de casas de carnes nobres e restaurantes. Pelo contrário, trouxe maior equilíbrio de mercado”.
Baixa oferta
Em termos de oferta de bois, o ano de 2016 deve começar com preços pressionados, principalmente em relação à instabilidade econômica do país. “A oferta ainda deve ser curta no próximo ano, pressionando os preços na briga contra a inflação”, destaca Hyberville Neto, da Scot Consultoria.
Para Alex Torres, também da Scot, os impostos acumulados para o primeiro bimestre do ano deve reduzir o poder de compra do consumidor, refletindo na estabilidade do boi gordo. “Nos meses de janeiro e fevereiro a população está menos capitalizada e o consumo deve recuar ainda mais e pode derrubar o preço da arroba”.
Os analistas preveem que o ciclo de alta se encerre em 2017, quando o mercado já terá oferta equilibrada de bezerros. “Isso não quer dizer que o pecuarista terá grandes perdas, pois os investimentos feitos recentemente devem garantir uma boa estabilidade econômica”, destaca Alcides Torres.
Por outro lado, Sérgio De Zen, pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP, afirma que ainda não é possível traçar essa estimativa e que o período de queda pode acontecer antes que o esperado. “Como os preços estavam numa crescente em 2014, alguns pecuaristas podem ter retido suas matrizes na estação de monta do ano passado, o que pode gerar uma grande oferta de bezerros já em meados de 2016”, especula.
Fonte: Portal DBO
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