O produtor paranaense pode se preparar: a expectativa do mercado é que os custos de produção da safra 2015/16 de grãos – leia-se soja, milho e trigo – devem ficar pelo menos 20% superiores à safra 2014/15. Se a alta do dólar potencializa as vendas para o exterior, principalmente da oleaginosa, também puxa com força o preço dos insumos. A estimativa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, é de uma alta de 31,1% para fertilizantes, 22,5% para fungicidas, 20,7% inseticidas, entre outros itens. A situação se complica ainda mais porque as empresas do setor ainda não conseguiram repassar integralmente os novos valores ao produtor, o que deve respingar na safra 2016/17.
Este foi um dos principais assuntos debatidos ontem, durante o Seminário do Mercado de Grãos, promovido pela Federação de Agricultura do Estado do Paraná (Faep), no Parque de Exposições Ney Braga, em Londrina. Dezenas de produtores, agrônomos, estudantes, colaboradores de cooperativas e outros profissionais ligados ao setor participaram das palestras, que além de tratar de mercado, também abordaram técnicas de manejo de plantas daninhas, principalmente buva e capim amargoso.
O pesquisador do Cepea, Mauro Osaki, disse em sua apresentação que na safra passada o produtor pagou muito caro pelos fertilizantes, equiparando-se com os valores de 2008/09. “Nesta nova safra, que está sendo plantada agora, isso deve continuar dessa forma. Além da dolarização dos produtos, a utilização de fungicidas deve ser maior. Com o El Niño trazendo mais chuvas, o controle da ferrugem asiática pode ser mais intenso, com maior número de aplicações, e isso pode modificar ainda mais os custos. Tem muito o que transcorrer ainda”, salientou.
De qualquer forma – mesmo com tais alterações nos custos de produção – Osaki disse que os produtores das regiões pesquisadas (30 cidades de 11 estados) conseguiram uma boa rentabilidade com a soja e deve continuar assim para a nova safra. “Em Londrina, por exemplo, a saúde financeira dos sojicultores é boa. Já o milho segunda safra e o trigo não pagaram o custo total, que inclui o custo direto, depreciação de máquinas e custo da terra”.
Já o analista de mercado da Safras & Mercado, Paulo Roberto Molinari, foi categórico: a safra 2014/15, mesmo com o mercado internacional em plena queda de preços, acabou sendo salva pela forte valorização do dólar frente ao real. “Isso impulsionou as exportações e chegamos no final da safra com estoques praticamente zerados de soja e bem pequenos para o milho”.
Molinari acredita que a rentabilidade pode ser similar ou até melhor na safra 2015/16 já que, mesmo com a alta dos custos de produção, muitos produtores aproveitaram a alta do dólar e já comercializaram a oleaginosa no mercado futuro a preços bem interessantes. No Paraná, a área plantada de soja já atingiu 91% e a comercialização do produto está acima dos 40%. “O câmbio trouxe alta de custos, mas a margem ainda é positiva e favorável ao produtor, podendo fechar até melhor que a safra passada”, complementou.
Fonte: Folha de Londrina – 27/11/2015
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