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ESTUDO INÉDITO TRAZ RADIOGRAFIADA CADEIA DE FLORES NO BRASIL

Os números da cadeia produtiva de flores e plantas ornamentais no Brasil impressionam. No ano passado, o segmento movimentou mais de R$ 10 bilhões e gerou 190 mil empregos diretos, investindo R$ 2,8 bilhões em salários. E também gerou R$ 2,5 bilhões de impostos.

Os dados fazem parte de um mapeamento inédito da cadeia de flores e plantas no Brasil, que será divulgado nesta terça-feira (24), em Holambra, durante o 4º Seminário do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor).

Desenvolvido pela Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia da Universidade de São Paulo (Fundace/USP), o Mapeamento e Quantificação da Cadeia Produtiva de Flores e Plantas Ornamentais do Brasil em 2014 foi financiado por meio de um convênio entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo (Ocesp).

“Pela primeira vez é possível demonstrar a grandeza econômica da cadeia de flores no Brasil, com um descritivo dos seus elos e análise dos seus fluxos financeiros”, diz o presidente da Ocesp, Edivaldo Del Grande.

O objetivo, segundo o organizador do estudo, o professor da Faculdade de Engenharia e Administração da Universidade de São Paulo Marcos Fava Neves, foi elaborar uma radiografia da cadeia produtiva e do mercado consumidor de flores e plantas ornamentais no Brasil.

O estudo revelou ainda que a força econômica da cadeia está nas cooperativas. As três principais cooperativas do país estão em São Paulo – Veiling Holambra, Cooperflora e SP Flores. O Estado de São Paulo representa 40% do mercado de flores do país.

“O sistema de produção e mercantilização dessas cooperativas faz frente às melhores tecnologias do mundo. O problema é que, se sairmos de São Paulo, a produção de flores ainda é independente e carente de tecnologia”, diz Fava Neves.

Para ele, o caminho da profissionalização da cadeia está na formação de cooperativas e na criação de uma rede de expansão tecnológica, que permita levar o benchmarking das grandes cooperativas aos produtores em outras localidades.

“Mais de 70% da produção de flores no país está fora das grandes cooperativas. É preciso disseminar tecnologia, assistência técnica, formação profissional para toda a cadeia produtiva”, defende o pesquisador.

A carência de tecnologia não é empecilho, no entanto, para que o setor cresça nos próximos anos. “Acredito que é um setor que tem potencial para se tornar um dos grandes segmentos do país, pois emprega muita gente, gera impostos e pode se tornar um grande exportador, com um dólar mais favorável”, diz Fava Neves.

Para o presidente da Ocesp, Edivaldo Del Grande, o estudo desenvolvido pela Universidade de São Paulo é um importante instrumento para se formular políticas públicas que impulsionem o setor de flores. “A partir da apresentação do estudo, o que compete ao cooperativismo, a Ocesp se compromete com o Ibraflor e a Câmara Setorial a ajudar na implementação de uma agenda estratégica, participando também na difusão deste mapeamento”, afirma Del Grande.

Segundo o presidente da Ocesp, “se o setor de flores hoje tem a oportunidade de se apropriar de um estudo dessa magnitude, é importante ressaltar que isso se deve em grande parte ao empenho do deputado federal Junji Abe, cooperativista da região de Mogi das Cruzes que, com apoio da Ocesp, conseguiu recursos do Ministério da Agricultura para viabilizar o trabalho da USP”.

Principais dados
Um dos desafios do levantamento foi o excesso de produtos comercializados; nesse sistema há mais de 2.000 espécies de flores e plantas ornamentais. Assim, estabeleceu-se por intermédio das entrevistas as principais espécies a partir de três categorias de produto: (1) flores e folhagem de corte, (2) flores e plantas de vaso e (3) plantas ornamentais e destinadas ao paisagismo (exceto grama).

Foram entrevistadas 107 pessoas, entre eles produtores, decoradores, fornecedores de insumos, máquinas, implementos, representantes de cooperativas, atacados, floriculturas e centros de distribuição, em 20 cidades, durante maio e agosto deste ano. A base dos dados refere-se a 2014.

O levantamento mostra também que o PIB da cadeia de flores no Brasil foi de R$ 4,5 bilhões e a movimentação financeira, de R$ 10,2 bilhões. Entre os principais canais de distribuição do varejo, os decoradores foram os que mais faturaram em 2014, cerca de R$ 2,3 bilhões, seguidos das floriculturas, com R$ 984,3 milhões.

Tanto os números de importação como de exportação de flores ainda são poucos significativos. Representam apenas 1%. De qualquer forma, a balança é negativa: importamos R$ 83 milhões e exportamos R$ 55 milhões.

Gargalos
O estudo trouxe ainda 10 pontos de uma agenda estratégica para o desenvolvimento do setor de flores no país. Entre eles, está o transporte e armazenagem mais adequados, com a modernização da Centrais de Abastecimento (Ceasas), a formação de profissionais especializados no segmento e a melhoria de fiscalização e controle para evitar a entrada de pragas e doenças no país.

O segmento precisa também aumentar o consumo de flores. Para se ter uma ideia, o consumo nacional desses produtos é muito baixo no Brasil. Cada brasileiro gasta US$ 9 por ano em flores e plantas ornamentais. Na Suíça, o gasto per capita anual é de US$ 174; na Noruega, US$ 164; na Holanda, US$ 80; nos Estados Unidos, US$ 58; Japão, US$ 45. Até o argentino compra mais que o brasileiro: US$ 25 por ano.

Outro ponto importante é o financiamento. Os gargalos no acesso ao crédito devem-se à necessidade de capital de giro, maior do que em outras atividades agrícolas. A produção da maioria dos tipos de flores e plantas ornamentais ocorre o ano todo, em diversos ciclos de produção, o que significa que os produtores cultivam e comercializam a sua produção frequentemente ao longo do mesmo ano, demandando regularmente insumos, pessoas, serviços de transporte, entre outros itens de despesa.

Além das necessidades de capital de giro, a atividade é dependente de recursos para investimentos, como estufas, sistemas de irrigação, climatização.

O último item da Agenda Estratégica se refere ao conjunto de leis que impacta diretamente o setor produtivo, como a Legislação Tributária: reenquadramento legal dos micros, pequenos e médios produtores; adequação das políticas tributárias à realidade do setor; o uso de incentivos tributários como forma de combate à informalidade; e a isonomia do ICMS entre os Estados.
 
 
Fonte: Assessoria de Imprensa da Ocesp
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Fonte: Canal do Produtor



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