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AGRONEGÓCIO NA ARGENTINA

A eleição do oposicionista Maurício Macri como presidente da Argentina traz uma expectativa bastante positiva para o agronegócio do país e a relação com o Brasil, seu principal parceiro sul-americano. A avaliação é do consultor em agronegócios Pablo Adreani, diretor da consultoria Agripac, para quem Macri tende a justificar o discurso de mudança com o qual venceu no domingo (22/11).

- A expectativa é muito grande com muita esperança para o futuro. A mudança vai ser muito forte. Comparando com os anos anteriores, o agronegócio da Argentina vai entrar no paraíso, uma fase de expansão. Foram 10 anos de uma economia fechada e controlada. Vai ter um câmbio mais competitivo. Se ele cumprir o que promete, pode ser o período de maior rentabilidade no campo da última década – acredita.

Na primeira corrida presidencial decidida em dois turnos da história argentina, Macri foi eleito com 51,4% dos votos, derrotando o candidato governista Daniel Scioli. Nesta segunda-feira (23/11), o presidente eleito, que toma posse no próximo dia 10 de dezembro, anunciou mudanças no regime de câmbio do país, que tem sido controlado pelo governo e que considera um erro.

Macri disse também que vai zerar as chamadas retenções, os impostos de exportação para milho e trigo, atualmente em 20% e 23%, respectivamente. No caso da soja, a taxa – em 35% – será reduzida em 5% anuais, chegando a zero em sete anos. Os impostos foram um dos principais motivos da relação conflituosa entre produtores rurais argentinos e o governo de Cristina Kirchner. O setor organizou diversas manifestações contra a presidente, além de apoiar greves de outras categorias no país.

Ainda durante o processo eleitoral, o mercado manifestou nos preços a expectativa para a vitória de Macri, explica o diretor da Agripac. No mercado disponível, o trigo argentino passou de US$ 120 para US$ 160 por tonelada nos últimos dois meses. O milho foi reajustado de US$ 100 para US$ 140 a tonelada. Nasoja, acrescenta Adreani, os agricultores deixaram de vender cerca de 16 milhões de toneladas à espera da definição e das medidas do novo governo.

- Os preços do milho e do trigo estão próximos do que estariam sem as retenções. Para esses dois mercados, o fim das retenções teria efeito imediato. A soja não depende só disso, mas também do câmbio. E há coisas que vão levar mais tempo para se efetivarem – diz o consultor.

Na opinião do consultor em agronegócios, o novo presidente soube entender a situação de falta de competitividade do campo na Argentina. Acredita que, pelo menos em um primeiro momento, as tensões entre o setor agropecuário e a administração federal serão menos tensas após a posse de Macri. O eleito, diz ele, se mostrou a favor da categoria e sinalizou estar mais propenso ao diálogo com as cadeias produtivas.

- É preciso esperar o dia 10 de dezembro para ver como algumas coisas vão funcionar. Tem que destravar coisas que ficaram travadas durante anos – avalia Pablo Adreani, comentando também a decisão tomada pro Macri de formar um gabinete econômico com a participação dos Ministérios da Fazenda e Finanças; Agricultura, pecuária e pesca; Trabalho; Energia; Transporte e Produção.

Também na segunda-feira (23/11) a presidente Dilma Rousseff conversou por telefone com Maurício Macri, para cumprimentá-lo pela vitória. De acordo com a Secretaria de Imprensa da Presidência da República, a ligação foi feita por volta de meio-dia durante cerca de 10 minutos ela o convidou para visitar o Brasil mesmo antes da posse.

Sobre a relação entre Brasil e Argentina, Pablo Adreani acredita que deve, de fato, haver uma aproximação maior. Para ele, os dois parceiros tem que estar mais próximos, principalmente quando se trata de acesso a mercados. O consultor chega a colocar essa parceria no nível de uma “joint venture de políticas de exportação” de produtos agropecuários, em que brasileiros e argentinos poderiam ter resultados positivos.

- A Argentina tem que caminhar junto com o Brasil para oferecer ao mercado mundial todos os alimentos que os dois podem oferecer. Temos que ir junto ao Brasil que tem uma melhor chegada ao mercado mundial. A Argentina nunca teve profissionalismo para exportar e pode trabalhar junto para ter uma melhor exortação de alimento – diz.

Fonte: Globo Rural



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