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QUEBRA DE 50%

Encaminhando-se para o fim da colheita – 85% dos grãos maduros já foram retirados -, a safra 2015 do trigo no Rio Grande do Sul não deixará boa impressão. Condições climáticas adversas, com geada e excesso de chuvas, resultaram em quebras tanto de produtividade quanto de qualidade, frustrando os triticultores pelo segundo ano seguido.

- O gaúcho plantou trigo e vai colher Proagro – afirma o gerente regional adjunto da Emater de Passo Fundo, Cláudio Dóro, referindo-se ao seguro agrícola do governo federal que será o caminho de grande parte dos produtores.

Não há ainda uma definição sobre o tamanho final da safra, mas fala-se em uma quebra de quase 50% em relação ao total inicialmente previsto pela Emater, na casa das 2,2 milhões de toneladas.

- Não deveremos chegar nem a 1,3 ou 1,4 milhão – projeta o presidente da comissão do Trigo da Farsul, Hamilton Jardim.

Apenas na região de Passo Fundo, Dóro conta que a produtividade, prevista em três toneladas por hectare, está sendo limitada à metade. O principal motivo apontado são as geadas de setembro, que afetaram o desenvolvimento das plantas.

E, para piorar, do pouco que se colheu, apenas uma pequena parte tem qualidade suficiente para ser encaminhada à panificação, mercado preferencial do produto. Dóro argumenta que, do trigo analisado pelo escritório regional da Emater até aqui, apenas 5% é considerado bom, com características como o pH que permitem sua venda aos moinhos. Já Jardim projeta que o total do trigo de qualidade não passe das 400 mil toneladas.

- O resto será encaminhado para outros usos, como bolachas, massas ou mesmo para exportação para ração – comenta o dirigente da Farsul. Haveria ainda uma boa parte de grãos com pH muito baixo, sem valor comercial.

A conta do problema da qualidade é também passada para o clima, mas, dessa vez, por conta do excesso de chuvas.

- Com o fortalecimento do El Niño, tivemos todos os meses chuvas acima da média. Mesmo com a melhor tecnologia, não tem planta que resista – complementa Dóro, lembrando que as precipitações incentivaram a proliferação de doenças.

A situação é problemática, porque, enquanto o preço médio do trigo para panificação está em R$ 33,00 por saca, o grão para outros usos não chega aos R$ 20,00, de acordo com Jardim.

O cenário é parecido com o visto em 2014, quando também houve quebra de qualidade e quantidade do trigo, mas ainda pior. Além dos grãos de ainda menor qualidade, os custos de produção também aumentaram, por conta, entre outros fatores, da alta do dólar.

Fonte: Jornal do Comércio



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