A América do Sul expõe um paradoxo global. Uma parcela cada vez maior da população concentra-se no meio urbano enquanto as economias dos países da região se apoiam fortemente em atividades rurais. Sem grandes avanços em suas atividades industriais, as nações sul-americanas tornam-se fornecedoras de alimentos para o mundo a partir de atividades como cultivo de grãos — principalmente soja e milho — e a criação de bovinos, aves e suínos. Essa tendência será o tema central do Fórum de Agricultura da América do Sul, evento internacional que o Núcleo Agronegócio Gazeta do Povo promove nos próximos dias 12 e 13, no Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba. É a terceira edição do evento, que terá cobertura diária na versão impressa do jornal, no sitewww.agrogp.com.br e transmissão pela internet.
A escolha do tema “Sociedade Urbana, Economia Rural” para a edição 2015 tem como proposta inserir discussões agropecuárias no cotidiano urbano, que muitas vezes não identifica, mas é dependente da economia ligada ao campo. No Paraná, por exemplo, das 20 cidades que mais geraram postos de trabalho em 2015, 14 se apoiam em atividades agropecuárias, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
- A população está concentrada nos centros urbanos, que dependem da economia rural. Queremos traduzir um pouco esse movimento verticalizado de urbanização da sociedade moderna – aponta Giovani Ferreira, coordenador do evento e do Agronegócio Gazeta do Povo.
- As zonas rurais viraram extensões dos centros urbanos. Está cada vez mais difícil de ter uma linha divisória. Na América do Sul, esse fenômeno acontece ainda mais rápido – complementa Alan Bojanic, representante da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) no Brasil.
Projeções da Organização das Nações Unidas (ONU) indicam que até 2050 a população urbana será de 6,3 bilhões de pessoas, mesmo tamanho que a população total da Terra em 2004. Esse cenário coloca a América do Sul, principalmente Brasil e Argentina, como protagonista na produção de alimentos para a demanda global, posição que promete impulso às economias da região.
- Definitivamente, o campo e a indústria estão conectados. Qualquer produto agropecuário quando chega às fábricas gera empregos nas cidades. Indústrias de fornecimento de insumos, máquinas, serviços e transporte, demandadas pelo campo, também são cruciais – afirma Guillermo Rossi, economista da Bolsa de Comércio de Rosário, na Argentina, e palestrante na conferência “Ciclo das commodities impõe nova ordem aos investimentos”.
O país de origem do economista é um exemplo da força do agronegócio nas economias da América do Sul. Na Argentina, o setor representa 25% do Produto Interno Bruto (PIB). A safra de grãos, de 120 milhões de toneladas na última temporada, consome de 3 milhões de toneladas de adubos. O volume enche 10 milhões de caminhões e o escoamento consome 1,3 milhão de litros de combustível.
- É uma enorme fluxo de dinheiro ao longo das rotas argentinas – ressalta Rossi. No Brasil, o PIB do agronegócio representou 23% do PIB total da economia em 2014, com cerca de R$ 1,1 trilhão.
A programação do Fórum de Agricultura da América do Sul terá 16 temas, divididos entre painéis simultâneos e grandes conferências, para abordar assuntos diversos que envolvem o agronegócio mundial como logística, empreendedorismo rural, cooperação no campo e no mercado, negociações internacionais, urbanização e consumo.
Fonte: Gazeta do Povo