O incêndio que atinge há seis dias um terminal próximo ao porto de Santos começa a afetar as exportações brasileiras de soja. Nesta terça-feira (07) a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) confirmou que há escassez do grão nos armazéns portuários, limitando o carregamento dos navios.
- Os estoques do porto não seguram mais os embarques na margem direita – revelou o gerente de economia da entidade, Daniel Furlan Amaral.
Os armazéns portuários estão deixando de ser abastecidos em função dos bloqueios ao tráfego de caminhões com destino à margem direita do porto, previstos para durar até sexta-feira (10). A medida faz parte das ações que estão sendo executadas para fazer o combate ao incêndio, que já dura seis dias.
- Tem empresas que não estão recebendo mercadorias há três ou quatro dias… Algumas empresas estão recebendo apenas 20% do volume total [que costumam receber] – apontou Amaral.
Um grupo de autoridades, que inclui governos, Corpo de Bombeiros, polícias e a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) definiu na segunda-feira que o acesso de caminhões ficará proibido até sexta-feira. A decisão está sendo reavaliada a cada 12 horas. A Codesp informou nesta terça que a restrição está mantida pelo menos até quarta, a pedido dos bombeiros.
Rápida inversão
Ontem a própria Abiove havia informado que não tinha recebido nenhuma manifestação por parte das empresas associadas, pois ainda há estoque no porto. Relatos de operadores portuários que atuam em Santos confirmam que desde então a situação mudou, criando um cenário de incerteza.
- Vai atrasar, é fato… Significa atrasar carregamento do navio que está atracado no porto – disse uma fonte da área comercial de uma empresa que tem operação portuária em Santos.
- Não está entrando carga. Com certeza há um impacto – disse uma segunda fonte, que atua na mesma região.
- Uma empresa falou para mim que tem mais de mil caminhões parados no caminho [até Santos]. Toda a parte de originação de mercadorias foi parada porque não adianta carregar caminhão e ficar com ele parado na estrada – afirmou Amaral, evitando revelar os nomes das empresas.
A maior parte dos terminais graneleiros que ficam no município de Santos (margem direita) depende de caminhões para recebimento de boa parte de suas cargas. Já os terminais da margem esquerda, no município de Guarujá, recebem volumes maiores por meio da ferrovia, sem contar que naquela região não há restrição de acesso de caminhões.
Com base nesse cenário, a Codesp informou que vem mantendo conversações com terminais e concessionárias ferroviárias para tentar reduzir os impactos negativos. Por meio de nota a companhia informou que duas das alternativas que estão sendo consideradas é o transporte de contêineres em composições ferroviárias e o transbordo de cargas a granel de caminhões para vagões no pátio de Sumaré.
Divulgação / Corpo de Bombeiros da PMES
Fonte: Reuters