Mesmo com o avanço da colheita de trigo, as cotações do cereal seguem em alta, aponta levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. Isso ocorre porque a disponibilidade de trigo para uso alimentício, de melhor qualidade, é considerada pequena.
No Paraná e especialmente no Rio Grande do Sul a produção foi prejudicada pelo clima. As perdas nas lavouras gaúchas são estimadas em 40% pela Emater – o estado deve colher 1,5 milhão de toneladas. A geada, o excesso de chuva e o granizo serão responsáveis por prejuízos de aproximadamente R$ 590 milhões, considerando a redução do volume a ser colhido. Os danos foram contabilizados em 400 mil hectares do norte e nordeste gaúcho – principais regiões produtoras do RS. Os danos causados pelo tempo são responsáveis pela maioria das 8,6 mil solicitações de Proagro (Programa de Garantia de Atividade Agropecuária) encaminhadas à Emater até a semana passada.
Conforme o Cepea, parte da produção não tem alcançado a classificação de trigo, enquadrando-se como triguilho, que tende a ser direcionado para ração animal.
Com esse cenário, produtores que têm em mãos trigo de boa qualidade seguem retraídos, respaldados também na maior paridade de importação. Apesar de a moagem estar abaixo do esperado para o período, algumas empresas se mantêm interessadas em adquirir o trigo no curto prazo. Têm chamado a atenção ainda as negociações relativamente intensas entre empresas do Nordeste com vendedores do Sul, o que também ajuda a sustentar os valores.