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FONTE DE ENERGIA

Destino de quase 20% da produção de madeira no Rio Grande do Sul, a indústria de cavacos destinada à exportação deverá reaquecer o mercado de acácia negra no Estado.

Utilizado em grande parte para produção de celulose e papel, o insumo vem ganhando espaço na fabricação de pellets para biocombustível usado na Europa e Estados Unidos. Um dos maiores investimentos no setor na América Latina, de R$ 150 milhões, deve entrar em operação em Rio Grande no começo de 2016.

Com sede em Montenegro, o Grupo Tanac deve finalizar o empreendimento em fevereiro do próximo ano, com geração de 30 a 44 empregos diretos, além de 300 indiretos. Produtora de cavacos de madeira, que dão origem à celulose, e de tanino, extraído da casca da acácia e usado em curtumes de couro, a empresa entrará no segmento de pellets para atender a demanda da Europa — um dos principais mercados do produto.

— Confiamos no setor que atuamos, e isso nos dá segurança para investir — afirma Otávio Guimaraes Decusati, diretor-superintendente do Grupo Tanac, que exporta 100% dos cavacos de madeira para produção de celulose no Japão, na China e na Índia.

A nova fábrica em Rio Grande terá capacidade para produzir 400 mil toneladas de pellets por ano, que serão destinados à Inglaterra. Por meio de contrato firmado com uma empresa inglesa, a Tanac irá fornecer o insumo para geração de energia elétrica pelo período de 12 anos. Com 50% de áreas próprias de cultivo de acácia, a empresa comprará o restante necessário.

O primeiro embarque de pellets de madeira para a Inglaterra está previsto para 2 de abril de 2016.

— Buscaremos fornecedores de acácia em todo o Rio Grande do Sul — antecipa Decusati, acrescentando que a produção de pellets no país ainda é pequena.

O investimento deve incentivar o plantio de acácia, praticamente estagnado nos últimos anos (veja o panorama no gráfico abaixo).

— A demanda recente por acácia de empresas especializadas, puxada pela procura externa e pela valorização em dólar, resultou em ganhos maiores para os produtores, que estão mais animados com a atividade — aponta Evair Ehlert, assistente técnico da Emater em Pelotas, no sul do Estado.

Biorrefinarias no horizonte

Ainda pouco desenvolvidas no Brasil, as biorrefinarias à base de madeira devem demandar boa parte da produção florestal no mundo nos próximos anos. Nos Estados Unidos e na Europa, o setor de transformação de fonte de celulose em biomassa já demanda investimentos milionários.

— Os países desenvolvidos estão substituindo os combustíveis fósseis por opções renováveis.

É uma transformação mundial que vai fazer o mercado da madeira crescer muito — destaca João Fernando Borges, presidente da Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor).

No Brasil, avalia Borges, as biorrefinarias à base de madeira ainda estão em fase piloto e deverão se desenvolver a médio e longo prazos. A nova geração de indústrias inclui também o uso da lignina, um dos principais componentes da lavoura, para produção de óleos e combustíveis e como subcomponente da cura do cimento.

— Temos capacidade para dobrar a participação no mercado mercado internacional a médio prazo com a crescente demanda por biomassa — resume Jefferson Bueno Mendes, diretor da consultoria Pöyry na América Latina.

Fonte: Zero Hora



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