Pesquisadores do Reino Unido e do Brasil se reuniram entre os dias 12 e 16 de outubro no auditório do campus Ipiranga, em São Paulo, para identificar áreas em que as novas tecnologias de sequenciamento genético podem ser aplicadas para melhorar e tornar mais sustentável a produção bovina.
O projeto do workshop foi elaborado pela Unesp em parceria com a Universidade de Swansea, no Reino Unido, e reuniu 40 pesquisadores dos dois países. A iniciativa foi viabilizada a partir de uma chamada do British Council em parceria com a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), com recursos do Newton Fund, instrumento criado em 2014 pelo governo do britânico para fomentar a pesquisa e a inovação em países emergentes. No Brasil, o fundo investirá mais de R$ 100 milhões até 2017.
Na abertura do workshop Next Generation Sequencing applications to improve livestock welfare, food security and socioeconomic stability in Brazil, o professor Martin Sheldon, da Universidade de Swansea, problematizou a produção pecuária nos países desenvolvidos, argumentando que a mudança da população para ambientes urbanos e o aumento da renda fez crescer a demanda por proteína animal na forma de carne e leite. Ainda assim, lembra o britânico, o número de fazendas e fazendeiros diminuiu, um indicativo da concentração de propriedades e de mudanças na produção pecuária.
A produção intensiva adotada especialmente nos países do norte tem aumentado o número de doenças nos animais e isso afeta a produção. "A intensificação está associada ao aparecimento de doenças. Quando eu era jovem, nos anos 60, elas eram raras. Nos anos 30, a maioria delas nem sequer estavam relacionadas na literatura científica", lembra.
Nos últimos anos, novas tecnologias no sequenciamento genético e ferramentas de bioinformática diminuíram o custo das análises abriram possibilidades para estudos que enfrentem doenças que, por exemplo, prejudiquem a fertilidade da vaca. Sheldon lembra que estatísticas em diversos lugares do mundo onde se pratica a produção intensiva apontam que 40% das vacas desenvolvem doenças no útero que impedem que novas fertilizações.
Os professores José Fernando Garcia e Lúcia Galvão Albuquerque, pesquisadores da Unesp nos campus de Araçatuba e Jaboticabal respectivamente, apresentaram suas pesquisas com sequenciamento genético da subespécie zebuína, que inclui a raça Nelore. Lúcia destacou que o fato de a raça ser a mais adaptada ao clima brasileiro e ter excelente resistência a carrapatos colabora para que ela represente cerca de 80% do gado de corte no país.
José Fernando Garcia lembra que por se tratar de uma produção de caráter mais extensivo, o produtor brasileiro tem menos problemas com doenças que os colegas europeus. "Diferentemente do que eles estão estudando por lá, as pesquisas que desenvolvemos aqui na Unesp envolvem o sequenciamento genético com foco principal no melhoramento da qualidade da carne", explica, lembrando que neste ponto o Brasil ainda está atrás, por exemplo, de seus colegas argentinos e uruguaios.
No encerramento do evento também houve espaço para uma apresentação da Unesp, destacando algumas oportunidades de financiamento de pesquisa na universidade e na Fapesp. Uma representante do British Council também falou sobre chamadas conjuntas entre Brasil e Reino Unido e as áreas disponíveis para submissão de projetos de pesquisa em parceria.
Fonte: UNESP
Fonte: Canal do Produtor