Os investidores de café arábica podem estar sendo precipitados em ver a seca no Brasil como causa para aumentar os preços substancialmente, disse a analista Judith Ganes-Chase, mesmo com o Commerzbank revelando uma previsão muito boa para os futuros.
A analista reconheceu o papel da recuperação do Real, que foi retomada na quarta-feira, em impulsionar os preços denominados em dólares de bens como o café, onde o Brasil é um player importante. “Mas o destino final do mercado [de café] dependerá das perspectivas para a próxima safra brasileira”.
Embora as condições de seca no estado de maior produção de café do Brasil, Minas Gerais, aumentem as preocupações de que muitas flores da primeira rodada de floração não devam sair, e começar o processo de produção de cerejas, ainda é muito cedo para ter preocupações severas.
Apesar de a primeira florada ser tipicamente a maior e mais importante, mesmo se a seca significar que “uma quantidade acima da média de flores caiu sem fixar, isso não significa que o Brasil ainda não possa ter uma colheita abundante”, disse Ganes-Chase, da J Ganes Consulting. “Ela somente não alcançará seu potencial total”, que seria mais do que os usuários precisam.
“É preciso ter em mente que a colheita sob as melhores circunstâncias seria massiva e em grande excesso com relação ao que o mercado demanda. Reduzir a colheita em vários milhões de sacas pode fazer muita diferença, especialmente se o crescimento no uso global desacelerar devido à recessão nas economias emergentes de mercado”.
Embora as condições no cinturão de café do Brasil pareçam estar “piorando, e não melhorando” em termos de seca, as chances são de que as chuvas surgirão – especialmente no período do El Niño, que tem histórico de trazer umidade no final do ano para a região.
“As chances de as chuvas que não se materializarem em um ano normal ainda estão são escassas, especialmente nesse ano devido ao forte El Niño, que geralmente traz chuvas fortes e potencialmente muitas chuvas ao Brasil. O mercado pode estar se precipitando aumentando por causa do clima seco no Brasil”.
Como um sinal negativo extra para os futuros, Ganes-Chase citou o fracasso dos preços brasileiros em aumentar apesar das fortes exportações, um fator que pode indicar que as ofertas não estão ainda caindo.
“Apesar das consecutivas culturas comprometidas do Brasil, a escassez não foi sentida, com o Brasil mal reduzindo os volumes enviados em uma base mensal, não indicando evidências de prejuízo na oferta de café arábica. Tipicamente, se o mercado tem alguma preocupação, os premiums de mercado, os diferenciais, afirmam para começar a refletir isso e se ajustar às mudanças, mas isso não ocorreu”.
Separadamente, o Comerzbank também sinalizou potencial para colheita mais forte do Brasil no próximo ano, dizendo que “já havia previsões de que a colheita de cerca de 60 milhões de sacas é possível”, incluindo grãos robusta, uma colheita que teria recorde para o país. No entanto, a organização reconheceu que “atualmente, o clima está muito seco novamente” e apoiou as expectativas para futuros do café arábica em Nova York acima da curva de futuros.
A organização previu, por exemplo, um preço para o final de 2016 de cerca de 170 centavos por libra, acima dos 146,25 centavos por libra que os futuros de dezembro de 2016 foram comercializados na última quarta-feira. “Os baixos estoques e a concomitante alta susceptibilidade a choques negativos na oferta nos leva a esperar maiores preços”.
Fonte: Café Point
Fonte: Canal do Produtor