Depois de um terceiro trimestre com uma produção global de leite acima do que o mercado precisava — o que levou à formação de estoques significativos nas mãos de compradores e também de vendedores, o reequilíbrio dos fundamentos para a nova safra de leite está perto de ocorrer, avalia relatório trimestral do Rabobank divulgado ontem (14).
Na análise do banco holandês, os preços estão extremamente baixos na Nova Zelândia e ficarão “mais desconfortáveis” em muitas regiões nos próximos meses. Nesse cenário, a expectativa é de queda na produção nas regiões exportadoras de leite no primeiro semestre de 2016, puxada por “fortes reduções” na Nova Zelândia, “modestas contrações” na América Latina e estabilização da produção na União Europeia, de acordo com o Rabobank.
Aliado ao modesto crescimento do consumo dentro das regiões exportadoras, a produção menor deve reduzir os excedentes exportáveis da nova safra de leite em 7% no primeiro semestre do ano que vem, avalia o banco. Isso levará a algum ajuste no mercado nesse período “mudando o sentimento do mercado”, diz o relatório. Ao mesmo tempo, observa o banco, preços baixos e alguma melhora no crescimento da renda devem promover um aumento das compras em regiões deficitárias.
Mas o banco reconhece que há duas ressalvas: a Rússia deve continuar fora do mercado e as importações da China só devem se estabilizar no primeiro semestre de 2016 — e não crescer. Nesse cenário, os estoques de lácteos vão diminuir gradualmente no decorrer do primeiro semestre de 2016 e devem se normalizar em meados do ano, segundo o Rabobank. Assim, estima o relatório, a pressão de preços vai crescer à medida que o primeiro semestre avança — de modesta a partir do fim do primeiro trimestre de 2016 para significativa no fim do segundo trimestre.
No entanto, diz o banco holandês, o teto de preços em 12 meses para essa recuperação será limitado pelo fortalecimento do dólar, pelo papel menos proeminente da China em direcionar o ajuste do mercado e a consequente dependência de outros compradores marginais, para os quais o preço na casa dos US$ 3.400 por tonelada (para o leite em pó) irá se mostrar provavelmente “inacessível”.
O relatório aponta o que podem ser influências altistas e baixistas no mercado de lácteos. Entre as altistas indica que o El Niño forte aumenta o risco de clima adverso em importantes regiões de produção de leite — por exemplo, seca no sudeste da Austrália, excesso de chuva no norte da Argentina. Particularmente porque os preços em algumas regiões não estão firmes o suficiente para justificar um maior investimento na suplementação alimentar das vacas leiteiras se os pastos secarem.
Entre as baixistas, o banco observa que o fim do regime de cotas de produção de leite da União Europeia — combinado com a forte desvalorização do euro — pode levar a um maior crescimento dos excedentes na UE do que o previsto hoje (mais 800 milhões de litros nos próximos 12 meses). Além disso, o cenário econômico global, os potenciais impactos de mais volatilidade no mercado financeiro e um tropeço da China para reequilibrar sua economia também são fatores de risco, segundo o banco.
Fonte: Valor Econômico
Fonte: Canal do Produtor