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EUA DERRUBAM O DÓLAR E A BOLSA

A perspectiva de o Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos, adiar o processo de alta dos juros se sobrepôs à crise política que maltrata o Brasile derrubou o dólar ontem. A moeda norte-americana encerrou o dia cotada a R$ 3,813 para venda, com baixa de 2,08%, um alívio para o Banco Central. Mas, no entender dos especialistas, o sobe e desce da divisa está provocando estragos na economia, uma vez que atrapalha o planejamento de empresas, que já sofrem com a forte recessão econômica e as incertezas provocadas pela possibilidade de impeachment da presidente Dilma Rousseff.Na terça-feira, o dólar havia registrado um salto espetacular, diante da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de intervir na condução do impeachment pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Muitos investidores viram na postura do STF uma forma de protelar o julgamento do processo que poder pôr fim ao mandato de Dilma. Mesmo não sabendo o que pode acontecer se a petista for afastada do poder, parte do mercado financeiro torce para que a presidente não continue à frente do país, pois ela não terá forças para fazer os ajustes necessários para tirar a economia do atoleiro.

A moeda norte-americana até abriu as negociações de ontem em alta. Mas a valorização não se sustentou diante dos dados divulgados nos Estados Unidos, indicando que a alta de juros, que vem sendo prometida pelo Fed, deve ficar para 2016. As vendas do varejo da maior economia do planeta subiram apenas 0,1% em setembro ante agosto, abaixo das estimativas dos analistas (0,2%). Além disso, os estoques nas empresas ficaram estáveis, frustrando aqueles que apostavam em queda. Mas não foi só: o índice de preços ao produtor (PPI) caiu 0,5% em setembro ante agosto, mostrando que os EUA estão longe de viver um processo inflacionário que justifique um arrocho monetário.

- Analisando o conjunto desses fatores, a percepção que se fica é de que a recuperação da economia norte-americana ainda não se consolidou por completo – disse um analista de um banco estrangeiro. Para o Brasil, acrescentou, é uma ótima notícia, pois o adiamento da alta dos juros pelo Fed funciona como um contraponto a todas as notícias ruins que saem de Brasília. A tendência do dólar, porém, é de alta.  – Tomara o governo tome juízo e faça logo o ajuste fiscal que precisa ser feito. Quanto mais demorar, maior será o custo para o país – frisou.

China e Europa

Na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa), o dia também foi de baixa. E de muita oscilação. Os investidores que haviam acumulado ganhos nos pregões da semana passada trataram de vender os papéis para embolsar os lucros, uma vez que as incertas no país são enormes. O Ibovespa, índice que mede a lucratividade das ações mais negociadas no pregão paulista, cravou perdas de 1,38%, nos 46.710 pontos. No acumulado do mês, a Bovespa aponta alta de 3,67% e, no ano, a perda chega a 6,59%.

Além dos Estados Unidos, a China e a Europa também divulgaram dados econômicos fracos, o que levou os investidores a se desfazerem de ativos de risco, incluindo ações da bolsa paulista. Segundo os analistas, a inflação chinesa ficou abaixo das projeções, refletindo a fragilidade da atividade. Na Europa, a produçãoindustrial caiu 0,5% em agosto ante julho.

- A economia mundial como um todo está ruim – admitiu um operador de mercado.

Olho no Pacífico

O ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro, disse ontem que o Brasil pode entrar a qualquer momento no Tratado do Transpacífico, maior bloco comercial do planeta fechado sob a liderança dos Estados Unidos. Segundo ele, o Brasil está fazendo um intenso programa de missões comerciais como parte de uma estractégia de inteligência para identificar mercados prioritários e fortalecer a imagem do país no exterior.

- Estamos reposicionando nossa política comercial – afirmou. Temos atuado para encurtar a distância dos países que formam a aliança do Pacífico na América do Sul, por isso firmamos acordos importantes com a Colômbia e o Peru, e tivemos com o Chile o nosso comércio desagravado – emendou.

Fonte: Rodolfo Costa, do Correio Braziliense



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