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BOVINO GOURMET

Responsáveis pela segunda maior receita de exportação de carne bovina brasileira em 2015, os países europeus são conhecidos pelo paladar refinado. É para eles que o País embarca alguns dos cortes mais nobres.

Agora, após dois anos de análises, o Brasil aposta no gado Angus para concorrer pelo mercado gourmet, com metas de preço 20% superiores ao obtido com a venda da commodity convencional.

O principal desafio é construir uma imagem tão marcante quanto a dos concorrentes – e vizinhos – Argentina e Uruguai.

O passo mais recente foi dado nesta semana, com o Brazilian Angus Day, evento promovido pela Associação Brasileira de Angus dentro da programação da Feira Anuga, em Colônia, na Alemanha, uma das maiores vitrines agropecuárias do mundo. Ao lado dos holandeses, os alemães são os primeiros clientes do Brasil neste segmento. No acumulado do ano, até agosto, segundo levantamento da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), a União Europeia importou 73,4 mil toneladas de carne bovina nacional, um faturamento de US$ 491,67 milhões. Com base neste potencial, o segmento de Angus vislumbra o mercado europeu.

- Tivemos a carne Angus certificada neste primeiro semestre e em outubro estamos fazendo os primeiros embarques. Não foram volumes expressivos, mas sabemos do potencial que o produto tem. Uma das diferenças diante da carne argentina, por exemplo, é que eles não possuem tanta matéria-prima – conta o gerente do Programa Carne Angus, Fábio Medeiros, realizado em parceria com a Abiec.

O rebanho de gado Angus é mensurado pela quantidade anual de nascimento de bezerros. Estima-se que sejam 3,5 milhões de animais por ano provenientes de nove estados. A raça é configurada desde que 50% do animal seja Angus e a mistura é permitida apenas com zebuínos. Medeiros lembra que este segmento representa cerca de 5% de todo o nascimento nacional.

- Parece pouco, mas é quase a metade do rebanho da Holanda – disse ele.

Nove companhias brasileiras trabalham com a categoria e quatro exportam, dentre elas, o principal parceiro do projeto é o frigorífico Marfrig.

As ações de apresentação ao mercado europeu passaram pela ExpoMilão, na Itália, nos mesmos moldes vistos em Anuga. De acordo com o executivo, Dubai pode ser o próximo destino, em função do potencial dos países do Oriente Médio. Após um primeiro semestre amplamente afetado pela queda nas compras de países como a Rússia, já se sabe que os recordes de resultados atingidos no ano passado não serão batidos. Em 2014, houve um salto de 7,7% em receita, para US$ 7,2 bilhões, comparado ao ano anterior, e 3,3% em volume, para 1,56 milhão de toneladas. O diretor executivo da Abiec, Fernando Sampaio, destaca que entre janeiro e agosto de 2015, os russos tiveram retração de 50% nas importações sobre o mesmo acumulado de 2014.

- Antes a exportação para os russos girava em torno de 23 mil toneladas por mês, até o primeiro semestre de 2014. Depois do embargo, o volume saltou para 30 mil em agosto e 40 mil em setembro. No final do ano começou passado começou o processo de desvalorização do rublo e hoje o embarque médio é de 15 mil toneladas – explica o executivo.

Duas apostas deste ano eram China e EUA. As exportações aos chineses trouxeram ânimo ao setor, uma vez que as compras atingiram a média mensal de 15 mil toneladas em um curto espaço de tempo. Oito plantas estão habilitadas, outras seis receberam visitas técnicas e aguardam resposta daquele país para o início dos embarques. Entre os norte-americanos, a promessa para este ano foi adiada para início de 2016. Um novo sistema sanitário – antes inexistente por não haver necessidade – teve que ser implantado para que este atingisse as mesmas métricas dos EUA.

Fonte: DCI



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