Conjunto de técnicas de controle que garante proteção aos cultivos agrícolas, o Manejo Integrado de Doenças (MID) minimiza os danos causados por enfermidades de forma mais sustentável. No caso do morango, o uso excessivo de defensivos agrícolas, devido à sensibilidade da cultura, faz do MID uma alternativa para melhorar a produtividade e reduzir os resíduos de produtos químicos e, consequentemente, o custo de produção.
É nesse contexto que entra o novo curso de MID no morangueiro, do SENAR-PR. A capacitação, com carga-horária de 24 horas, está disponível para produtores e trabalhadores envolvidos com a cultura. Durante a capacitação, os participantes poderão conhecer os diferentes tipos de doenças e seus patógenos e as técnicas de monitoramento e amostragem para definir as melhores medidas de controle.
“O curso atende uma demanda do campo, devido à necessidade de métodos efetivos de prevenção e controle de doenças, e do mercado, por conta da procura por alimentos sem resíduos”, destaca Vanessa Reinhart, técnica do Departamento Técnico (Detec) do Sistema FAEP/SENAR-PR. “As aulas práticas são os diferenciais, já que o participante identifica doenças em amostras reais, além de observar os agentes causais por meio de microscopia, entendendo o meio de disseminação e facilitando a compreensão em como prevenir e controlar as doenças”, complementa.
As amostras serão coletadas pelos alunos a cada encontro, em três áreas diferentes de produção de morango. Por isso, um pré-requisito para o curso acontecer é a disponibilidade destas áreas para a realização das atividades práticas.
“Ao final de cada aula, será realizada uma discussão sobre os diagnósticos e as melhores estratégias de manejo. Durante a capacitação, o participante vai desenvolver atividades para implantar o MID na produção de morango, baseado na identificação dos agentes causais de doenças e análise do ambiente”, afirma Eneida Maria Dolci, instrutora do SENAR-PR.
Benefícios
O MID permite a identificação correta dos agentes causais de doenças, além das condições favoráveis à ocorrência dessas doenças e, consequentemente, a decisão sobre o manejo mais adequado para controle, priorizando a minimização de impactos ambientais e econômicos.
“Doenças geram preocupação e gastos com a cultura, porque, muitas vezes, os sintomas na planta são semelhantes, criando dúvidas no campo. O manejo integrado aborda a importância do planejamento, desde a escolha das mudas sadias, ambiente adequado e condições de cultivo, que interferem diretamente nas doenças que acometem o morangueiro”, explica a instrutora do SENAR-PR.
As principais vantagens do MID estão relacionadas a questões econômicas e ambientais, com redução do uso de produtos químicos e, quando utilizados, priorizando a aplicação do produto apropriado e da forma correta. No morango, os benefícios também estão relacionados à suscetibilidade do cultivo a doenças que podem gerar mortalidade de plantas e, até mesmo, ocasionar a perda da produção inteira.
“Conhecer os agentes causais, as condições ideais e os manejos adequados a cada uma das doenças proporcionam ao produtor o melhor emprego das estratégias de controle, gerando economia, menores impactos ao meio ambiente, menores riscos de resíduos de agroquímicos e maior qualidade dos frutos”, salienta Eneida.
Para a produtora Nanci Novak, de Araucária, a capacitação apareceu no momento certo, já que enfrentava problemas com nematoides no morango e perdas na produção. “Desde a primeira aula já consegui aplicar o conhecimento. É essencial identificar as doenças antes de virar uma contaminação séria, ainda mais que trabalho com orgânicos e não posso usar defensivo químico”, explica.
Na propriedade de dois hectares, Nanci mantém 1 mil pés de morango, além de verduras e legumes, tudo com certificação orgânica. Antes do MID, a produtora fez os cursos de
boas práticas agrícolas na hortifruticultura e Manejo Integrado de Pragas (MIP) no morangueiro, ambos do SENAR-PR.
Serviço
Os cursos gratuitos de MID e MIP no morangueiro estão disponíveis no catálogo do SENAR-PR. Ambos abordam o manejo integrado na produção de morangos, no qual o participante vai aprender a identificar esses problemas, além de técnicas de monitoramento e amostragem, para definir o momento certo de entrar com medidas de controle.
Para mais informações e/ou realizar a inscrição, basta acessar a seção Cursos do site sistemafaep.org.br, clicando aqui.
Treinamento faz parte da futura certificação
O curso MID no morangueiro faz parte das ações do termo de cooperação técnica firmado entre Sistema FAEP/SENAR-PR e Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), em dezembro do ano passado. A parceria contempla um programa de capacitações para qualificar e certificar produtores de morango da Região Metropolitana de Curitiba (RMC).
O SENAR-PR é responsável por promover a qualificação dos fruticultores, enquanto a Adapar fiscaliza e entrega os selos para as propriedades que seguem os preceitos das Boas Práticas Agrícolas (BPAs). A iniciativa vai incentivar a sustentabilidade na produção de morangos, melhorando os manejos nas propriedades e, com o selo de produção fiscalizada e aprovada, agregando valor à produção. Para essa certificação, será exigido que as técnicas de MID e MIP sejam adotadas, bem como a participação do produtor nos cursos em cada propriedade em processo de certificação.
Aluno da primeira turma do novo curso do SENAR-PR, o produtor Hélio Souza, da Lapa, está no processo para receber a certificação da Adapar. “A fiscalização já esteve no meu sítio, pois me encaixo em todas as exigências. Só falta finalizar os cursos para sair o selo”, conta o produtor, que pretende fazer o curso de MIP na sequência. “Meu objetivo é agregar valor para conseguir colocar no mercado um produto com diferencial”, complementa.
Desde o início da produção, em 2020, Souza prioriza o controle biológico, evitando a aplicação de produtos químicos. Na sua avaliação, mesmo contando com suporte técnico, a capacitação do produtor é fundamental por estar lida da propriedade diariamente. “Na prática, as doenças são microscópicas e muito parecidas. Tem que ter conhecimento, até porque o morango é extremamente sensível”, afirma.
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Fonte: Sistema FAEP