1-Dólar
A expectativa do mercado financeiro é que o dólar fique perto de R$ 3,80 no fim deste e do próximo ano. A estimativa foi feita nesta segunda-feira, dia 15, e publicada no Relatório Focus, que é um levantamento feito pelo Banco Central com instituições financeiras.
No entanto, há economistas que acreditam que a moeda norte-americana possa cair mais. A Tendências Consultoria, por exemplo, projeta um câmbio em R$ 3,50 nos próximos meses, com a moeda sendo influenciada pela aprovação da reforma da Previdência em primeiro turno e com expectativa de que o Federal Reserve (FED), que é o banco central dos Estados Unidos, reduza os juros em julho, o que deve enfraquecer a moeda norte-americana no mundo todo.
2-Clima
O Centro Americano de Meteorologia e Oceanografia (NOAA, em inglês) diminuiu consideravelmente a chance do El Niño continuar nos próximos meses. De pouco mais de 60% no boletim passado, a chance caiu para menos de 50%. Enquanto isso, a possibilidade de neutralidade aumentou de 33% para aproximadamente 50%. No trimestre de julho a setembro, a chance de neutralidade chega a quase 60%, enquanto que a probabilidade de El Niño diminui para menos de 40%.
Embora o aquecimento do oceano Pacífico esteja terminando, a atmosfera ainda irá demorar para mudar. A meteorologia indica que um padrão típico de El Niño será percebido até aproximadamente outubro, com chuva acima da média no Centro e Sul do Brasil — embora a precipitação não aconteça de forma contínua.
“Em 2020, a chuva será mais intensa e frequente sobre o centro e Norte do Brasil, enquanto que a região Sul, sobretudo o Rio Grande do Sul, ocorrerá maior risco de chuva irregular e estiagens regionalizadas”, explica o meteorologista da Somar Celso Oliveira. Com fim do El Niño, há risco de La Niña no ano que vem?
3-Produção de soja
Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a expectativa de produção de soja no Brasil no ciclo 2019/2020 é de 117 milhões de toneladas, contra 115 milhões de toneladas do ano passado (projetadas pela Companhia Nacional de Abastecimento). Isso significa uma alta de 1,7%.
Para os americanos, o USDA indica que a próxima safra será de 104,6 milhões de toneladas, contra 123,6 milhões de toneladas no ciclo passado. A baixa é de mais de 15%. Vale lembrar que os produtores rurais dos Estados Unidos enfrentam um atraso considerável no plantio por conta do clima, que prejudicou os trabalhos de campo por lá. Até o início de julho, as condições da soja americana eram as piores em 31 anos.
4-Área plantada
Ainda não há uma estimativa de área plantada no Brasil, mas o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) já começou a fazer os cálculos de total plantado no estado. A entidade afirma que neste ano, a área plantada deve subir apenas 0,59%, atingindo 9,7 milhões de hectares. Se confirmada, esta será a menor área dos últimos anos.
5-Fertilizantes
O preço dos fertilizantes fosfatados e o cloreto de potássio já caíram, segundo a consultoria INTL FCStone. Essa queda foi puxada principalmente pela baixa do dólar, que refletiu o avanço da reforma da Previdência na Câmara. De acordo com Marcelo Mello, analista da empresa, o momento é oportuno para a compra de insumos, sobretudo o fosfatado.
“Essa queda do dólar impacta diretamente na formação dos custos do pacote NPK, pois o Brasil importa quase 80% destes insumos e os custos estão praticamente todos em dólar. Ao cair de R$ 4,10 para R$ 3,73, evidentemente, o preço caiu bastante. Mas não é só isso que está impactando no preço, já que o próprio preço em dólar por tonelada, principalmente para o fosfatado, está 20% mais barato, o que deixa a relação de troca muito boa para o produtor”, falou.
Já o economista Silvio Campos acredita que o melhor momento para comprar insumos após o fim de julho.
“Talvez seja o momento esperar ao menos a confirmação da queda nos juros dos EUA, até 31 de julho. Com aprovação final da reforma no Senado sendo setembro, talvez a gente tenha um dólar em agosto mais acomodado”, afirma.
6-Custo de produção
Segundo levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), os custos de produção totais da safra 2019/2020 já são os mais altos da história no estado, chegando próximo de R$ 3.912,80 por hectare, 5% a mais que os R$ 3.628,54 do ciclo anterior. Se os custos fecharem assim, eles irão superar até os valores da safra 2016/2017 (recorde histórico) que eram de R$ 3.862,81.
“Até o momento esse é o maior custo da série histórica, ultrapassando inclusive a safra 2016/2017. Como ainda há gente comprando insumos, esse custo não é o final e pode mudar. Mas até o momento ele é sim o mais alto da história”, afirma o gestor técnico da entidade, Cleiton Jair Gauer.
7-Demanda
O surto de peste suína africana ameaça a demanda chinesa pela soja mundial. De acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), mais de 4,1 milhões de suínos já foram eliminados em países asiáticos por causa do surto da doença.
Além disso, a Administração Geral de Alfândegas e Portos da China indica que as importações chinesas do grão já começam a cair. Em junho, houve redução de 25% nas compras chinesas do grão sobre igual mês de 2018.
Outro fato relevante é que o crescimento da economia chinesa caiu 6,2% no segundo trimestre de 2019, ante o mesmo período do ano passado. Este é o menor nível registrado em 27 anos. De acordo com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, as tarifas impostas pelos norte-americanos estão tendo um grande efeito sobre o país. Desaceleração da economia chinesa pode afetar o Brasil? Analistas respondem.
8-Guerra comercial
Apesar de idas e vindas em negociações, Estados Unidos e China ainda não entraram em um acordo comercial. Os dois países têm travado uma guerra com bilhões de dólares em produtos sendo sobretaxados. Recentemente, o assessor da Casa Branca para o Comércio, Peter Navarro, afirmou que reuniões presenciais entre os dois países vão começar em breve. Segundo Navarro, o representante de Comércio dos Estados Unidos, Robert Lighthizer, e o secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, vão à China ‘em um futuro muito próximo’.
As rodadas de conversas entre os dois lados foram interrompidas em maio, quando a negociação em Washington terminou sem acordo e com os Estados Unidos aplicando taxas de 25% a US$ 250 bilhões em bens importados da China.
9-Renda
Depois de ter crescido quase 20% em 2018, embalada pelas exportações para a China, a renda nominal agrícola deve ter queda de 0,16% neste ciclo, segundo projeções de analistas. Ainda que pequena, a mudança de trajetória é simbólica. Se confirmada, será o primeiro recuo desde 2010.
Produtores alegam que operam com margens apertadas, especialmente por causa do tabelamento do frete, da alta do câmbio e da queda dos preços internacionais dos grãos.
“Houve queda de preços no mercado internacional, sobretudo da soja, e a economia global está enfraquecendo”, afirma Fabio Silveira, sócio da MacroSector, que calculou a renda do setor.
Fonte: Canal Rural