As chuvas ininterruptas que vem ocorrendo na região central e norte do Mato Grosso desde o final da semana passado (17 e 18/12) já causam danos a várias lavouras.
O problema é que o excesso de umidade impede que os produtores consigam realizar os devidos tratos culturais, principalmente a pulverização de fungicidas.
E para essa quinta-feira (22/12) não será diferente, há previsão de mais chuvas sobre essa principal região produtora do Brasil, sendo que os modelos de previsão só sinalizam uma paralização das chuvas entre a sexta e o sábado. Porém, ao longo da semana que vem, não estão descartadas pancadas de chuvas na região. E além de prejudicar a realização dos tratos culturais, essas chuvas ininterruptas também já afetam o início da colheita da soja, mas nesse caso não há perdas, já que essas lavouras poderão ser colhidas no começo da semana que vem, quando o tempo abrir, sem nenhum problema.
Em Goiás e no Mato Grosso do Sul a previsão para essa quinta-feira (22/12) é de pancadas de chuvas irregulares e esse padrão meteorológico deverá se manter ao longo dos próximos 15 dias, não sendo previsto nenhuma longa estiagem e, muito menos, períodos de invernada durante essas próximas semanas. Mantendo, portanto, ótimas condições ao desenvolvimento das lavouras. Entretanto, na parte norte de Goiás, poderão vir a ocorrer um período maior de ausência de chuvas, gerando apreensão por parte dos produtores e até mesmo algumas perdas bem localizadas, já que a previsão é de que as chuvas só retornem de forma generalizada no começo de janeiro.
Além da ausência de chuvas regulares, o calor também será destaque desse período, elevando as taxas de evapotranspiração e acelerando o declínio da umidade do solo.
Essa mesma condição será observada nesses próximos 15 dias no Matopiba. Como os corredores de umidade estarão voltados nesse período para o sul do Brasil, a tendência é que o tempo permaneça mais firme com possibilidade apenas para eventuais pancadas de chuvas irregulares.
Um ou outro produtor poderá relatar perdas nos potenciais produtivos em suas lavouras, mas em suma, a região não deverá apresentar perdas significativas nesse período, já que as chuvas deverão retornar no começo do ano. O calor também será destaque desse período.
No Sudeste, principalmente em São Paulo e na metade sul de Minas Gerais, a tendência é que esse padrão de ocorrência de chuvas, apenas na forma de pancadas irregulares continue a ocorrer ao longo dos próximos 15 dias, não sendo observada a possibilidade de que venha ocorrer invernadas, que possam acarretar prejuízos as lavouras.
Pelo contrário, esse padrão meteorológico irá favorecer o desenvolvimento de todas as lavouras, desde os grãos, como soja, milho e feijão, como as perenes – café, citros e cana de açúcar, bem como as hortaliças e demais frutíferas.
No Sul, o retorno das chuvas, por conta de passagens das frentes frias irá possibilitar a manutenção da umidade do solo, principalmente na metade sul do Rio Grande do Sul, favorecendo o desenvolvimento das lavouras.
Entretanto, em algumas propriedades as chuvas continuarão a ocorrer nos “45 minutos do segundo tempo”, mantendo, desse modo, condições bastante favoráveis ao desenvolvimento das lavouras.
E como os corredores de umidade estarão mais concentrados no Sul do Brasil nesses próximos 15 dias, a previsão é de que as chuvas, mesmo na forma de pancadas irregulares continuem a ocorrer ao longo desse período, mantendo os níveis de umidade do solo num patamar alto, beneficiando o potencial produtivo das lavouras.
Marco Antonio dos Santo/ Agrometeorologista da Somar Meteorologia