A soja completou 100 anos na safra passada no Noroeste do Rio Grande do Sul. Nesta semana, quando o setor produtivo compra os insumos para o primeiro plantio do segundo século de produção contínua, o mercado traz novos estímulos. Em contratos baseados na troca de sementes e adubo por grãos, os produtores gaúchos estão conseguindo travar preço de R$ 70 por saca de soja para entrega em maio, durante a próxima colheita.
O valor é 4,5% maior que o atual, confirmando tendência de alta. A cotação de R$ 67 por saca, praticada no mercado físico nesta sexta-feira, consolida alta de 10% em apenas um mês.
A Emater gaúcha emitiu boletim em que relata otimismo na formação de pacotes para aquisição de adubo e semente. Os técnicos dizem, um mês antes da divulgação das primeiras projeções do plantio de 2015/16, que a perspectiva é de nova ampliação na área da oleaginosa.
Na safra em que completou 100 anos de produção contínua de soja, o Rio Grande do Sul plantou 5,2 milhões de hectares — maior extensão alcançada no estado. A produtividade alcançou média de 2,8 mil quilos por hectare pela primeira vez, resultando em safra recorde de 14,8 milhões de toneladas, o terceiro maior volume do país (atrás de Paraná, com 17 milhões, e de Mato Grosso, com 28 milhões de toneladas).
E o milho?
O Rio Grande do Sul ameaça fazer novo corte — estimado em 10% pela Emater – na área do milho de verão – para ampliar a área de soja. O cereal perdeu 9% de sua área e ficou com apenas 940 mil hectares de campos gaúchos um ano atrás, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Com mais cerca de 90 mil hectares, a soja pode chegar a 5,3 milhões de hectares, ultrapassando todos os anos anteriores.
A troca do milho pela soja, no entanto, deixa setores como o que fabrica ração com menos matéria-prima. A colheita do cereal tende a recuar a menos de 6 milhões de toneladas. A tendência é que o insumo também registre reajuste, como estímulo à produção.
Produtividade
6,6 mil quilos
de milho por hectare foram atingidos pelo Rio Grande do Sul na última colheita de verão. Para que setores como o da indústria de ração não enfrentem escassez, estado terá de superar produtividade da qual nunca havia chegado perto.
Fonte: Gazeta do Povo