“É um ano histórico para o Vale dos Vinhedos e o resultado se reflete na taça: teremos produtos de excelente qualidade em breve no mercado”, comemorou Daniel de Paris, Presidente do Conselho Regulador da Denominação de Origem (DO) Vale dos Vinhedos, no encerramento da sessão de degustação da safra de 2018, decisiva para que os vinhos recebam o selo da DO Vale dos Vinhedos.
Desde 2012, ano em que o INPI reconheceu a DO Vale dos Vinhedos, única em vinhos no Brasil, essa foi a primeira vez que 100% dos vinhos avaliados foram aprovados por unanimidade pelos sete degustadores. A partir de agora, os 21 vinhos, divididos entre tintos, brancos e espumantes, já estão autorizados a apresentar em seu rótulo a importante chancela. As degustações foram realizadas nos dias 06 e 07 de dezembro, no Laboratório de Análise Sensorial da Embrapa Uva e Vinho, em Bento Gonçalves, RS.
Além da aprovação de todas as amostras, outra boa notícia do encontro, antecipada pelo consultor Técnico da Aprovale, Jaime Milan, foi o aumento de mais de 50% no volume dos produtos da DO que irão chegar ao mercado. Em 2017 foram 240 mil litros e agora, em 2018, serão 374 mil litros à disposição dos consumidores. “A excelente safra 2018 se reflete na qualidade nos vinhos da Denominação de Origem Vale dos Vinhedos”, comenta.
Segundo o pesquisador da Embrapa Uva e Vinho Jorge Tonietto, que lidera as pesquisas relacionadas às Indicações Geográficas de vinhos finos, as degustações ao longo destes últimos anos evidenciaram que os produtores conseguiram consolidar um padrão de qualidade elevado dos vinhos, que expressam as características do terroir do Vale dos Vinhedos.
Para ele, “o advento das Indicações Geográficas de vinhos no Brasil mostra que o país inovou de forma original e diferenciada em relação aos países produtores de vinho do novo mundo”.
Tonietto destaca que antes de chegarem à avaliação sensorial, os vinhos passam por várias etapas de qualificação, todas elas obrigatórias, como a comprovação da origem da uva, atendimento do uso das variedades autorizadas, exigências nos vinhedos e qualidade da uva para vinificação. Ainda, devem atender exigências de elaboração na área delimitada da DO, métodos de elaboração e padrões diferenciados, avaliados por análises laboratoriais. Todas os requisitos para qualificação dos vinhos são estabelecidos no Regulamento de Uso da Denominação de Origem Vale dos Vinhedos.
Os vinhos da DO da safra 2018 são provenientes de nove vinícolas associadas à Aprovale, gestora da Denominação de Origem Vale dos Vinhedos: Pizzato Vinhas e Vinhos, Peculiare Vinhos Únicos, Terragnolo Vinhos Finos, Casa Valduga, Vinícola Dom Cândido, Vinhos Larentis, Vinícola Almaúnica, Miolo Wine Group e Vinhos Don Laurindo.
Além da degustação dos vinhos da Denominação de Origem Vale dos Vinhedos, as degustações de vinhos das outras indicações geográficas de vinhos finos, como da Indicação de Procedência Farroupilha e da Indicação de Procedência Pinto Bandeira, ocorrem no laboratório de análise sensorial da Embrapa, com o apoio técnico de especialistas desta empresa de pesquisa e desenvolvimento.
Entenda o processo
Após a safra de uva, a vinícola associada à Aprovale envia o Formulário de Declaração de Safra, juntamente com as atualizações das informações cadastrais.
Para solicitar a DO Vale dos Vinhedos, a vinícola deve comprovar, através de documentação, a procedência da uva utilizada na elaboração dos vinhos, que deve ser produzida na região demarcada da DO. Esse processo garante a rastreabilidade da origem das uvas, do uso exclusivo das variedades autorizadas e o atendimento aos padrões dos vinhedos, além da qualidade da uva para vinificação.
O Conselho Regulador da Aprovale recolhe as amostras dos vinhos inscritos diretamente nas vinícolas solicitantes. As garrafas são identificadas por códigos conhecidos somente pelo sistema de controle e registrados no livro de controle. As amostras são encaminhadas para os laboratórios da Embrapa Uva e Vinho, onde são realizadas as análises físico-químicas, bem como ao LAREN – Laboratório de Referência Enológica do Estado do Rio Grande do Sul, no qual são avaliados os isótopos estáveis de carbono. As outras garrafas coletadas são utilizadas para a análise sensorial e para contra-provas.
A avaliação sensorial é realizada por um Comitê de Degustação qualificado, sob a coordenação do Conselho Regulador, composto por enólogos indicados pelos associados da Aprovale, da Associação Brasileira de Enologia (ABE) e técnicos da Embrapa Uva e Vinho. Nesta etapa são avaliados aspectos organolépticos qualitativos, envolvendo aspectos visuais, olfativos, gustativos e de tipicidade varietal dos vinhos. Toda a avaliação é realizada às cegas pelos participantes, que apresentam seu parecer individual e comentam cada uma das amostras. O vinho pode ser recomendado para receber o selo da DO ou pode não ser aprovado, caso apresente algum defeito ou caso a qualidade não esteja de acordo com os padrões de qualidade e identidade da DO Vale dos Vinhedos.
A Denominação de Origem Vale dos Vinhedos
Desde 2012, vinhos do Vale dos Vinhedos apresentam aos consumidores o selo oficial da Denominação de Origem Vale dos Vinhedos, Indicação Geográfica reconhecida pelo INPI. Para fazer parte da seleta lista de vinhos com a Denominação de Origem Vale dos Vinhedos, normas estipuladas pelo Regulamento de Uso da DO precisam ser atendidas. Dentre elas estão: as variedades e cortes permitidos, o cultivo e a origem da uva, a forma de elaboração do vinho e, por fim, a qualidade deste na taça. A Embrapa Uva e Vinho foi pioneira no incentivo e na condução dos processos de estruturação de Indicações Geográficas de vinhos finos no Brasil.